domingo, 18 de outubro de 2015
Setenta anos depois, a ONU enfrenta
grandes desafios para promover a paz e a segurança, o desenvolvimento e os
direitos humanos. Assim, considerar as Nações Unidas "a esperança da
humanidade", e sua Carta "a nossa bússola", como declarou o secretário-geral
Ban Ki-moon, não passa de miragem.
Isso não significa, porém, que a
Organização não tenha importância simbólica e efetiva no complexo contexto
internacional. Seus dois documentos fundamentais foram um divisor de águas na
história dos direitos humanos.
O primeiro deles, a citada Carta de
1945, foi além da paz e da segurança coletiva, tratadas até então apenas no
relacionamento interestatal, apontando para uma comunidade internacional de Estados
igualmente soberanos, bem como de indivíduos livres e iguais. A Carta da ONU
internacionalizou assim os direitos humanos e inseriu, de forma abrangente, a
sua temática na construção da ordem mundial.
O desdobramento dessa Carta foi a
Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pela Assembleia
Geral da ONU em 1948. Documento de grande relevo, foi o primeiro texto de
alcance internacional que abordou de forma ampla a importância dos direitos
humanos.
Além de documentos e declarações, a
ONU e suas agências (UNICEF, OIT, FAO, etc.) agem em diversas frentes. Uma de
suas medidas de maior impacto geopolítico foi o Plano de Partilha da Palestina,
em 1947, que culminou na criação do Estado de Israel. Este acontecimento contou
com o apoio de um brasileiro, Osvaldo Aranha, que então conquistou a eterna
gratidão de judeus e sionistas.
Mais recentemente, outro ilustre
brasileiro se destacou no campo diplomático: Sérgio Vieira de Mello, Alto
Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Por 34 anos, até sua
trágica morte, num atentado terrorista em 2003, dedicou-se à reconstrução de
comunidades que sofreram as terríveis consequências de guerras e violências
extremas.
Uma reflexão sobre a história das
Nações Unidas não pode ignorar ainda os discursos dos líderes mundiais. Tais
discursos refletem, em boa medida, os desafios e limites à concretização dos objetivos
da Organização. Assim, em 1964, Che Guevara, um dos líderes da Revolução
Cubana, admitiu abertamente os fuzilamentos promovidos pelo regime; em 2006,
Hugo Chávez, então presidente da Venezuela, referiu-se ao homólogo americano,
George W. Bush, como o "diabo".
Bush, por sua vez, ordenara três
anos antes a invasão do Iraque, desrespeitando o veto da ONU. Tal invasão,
justificada com argumentos que se provaram falsos, desestabilizou o país e
facilitou a ascensão do Estado Islâmico, que hoje assola o Oriente Médio.
Confrontada com essa grave crise, a ONU se mostra tão impotente quanto em 2003,
quando o Iraque foi invadido.
Enquanto a ONU se mostra limitada em
promover a paz mundial, os indivíduos devem fazer a sua parte, atuando sozinhos
ou em outras organizações. Nesse sentido, a Cruz Vermelha Internacional, os
Médicos Sem Fronteiras e a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos
Assistenciais (ADRA) constituem alguns bons exemplos.
Enfim,
é preciso reconhecer as conquistas da ONU, mas também as suas dificuldades, que
em parte derivam do poder de veto dos cinco membros permanentes do Conselho de
Segurança. A ONU não é "a esperança da humanidade", mas seus
princípios e valores devem inspirar indivíduos, organizações e governos na
busca de soluções para os desafios do nosso tempo.
Publicado no jornal A Tribuna (18/10/2015)
Publicado no jornal A Tribuna (18/10/2015)
1 comentários:
Professor,aqui é a Ana Letícia do 9A o senhor pediu uma atividade que tinha que resumir o texto os 70 anos da ONU é esse que estar com sua foto?
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