sexta-feira, 7 de outubro de 2016
Um dos livros mais honestos e equilibrados que li sobre a conversão de Constantino e a cristianização do Império Romano foi Quando Nosso Mundo se Tornou Cristão, de Paul Veyne. O livro foi publicado no Brasil (pela editora Civilização Brasileira, acima) e em Portugal (leia aqui).
Paul Veyne é um autoridade absoluta quando o assunto é a civilização romana. Seu capítulo no primeiro volume da História da Vida Privada, e seus livros O Império Greco-Romano, Pão e Circo, Sexo e Poder na Roma Antiga e Elegia Erótica Romana não deixam dúvidas sobre isso. O que torna a obra em questão tão especial é sua boa-fé, embora seu autor seja um descrente.
Aliando a erudição mais refinada com um texto leve, Paul Veyne procura compreender como o cristianismo, "obra-prima da criação religiosa", conseguiu impor-se a todo o Ocidente. Para o historiador, isso foi possível porque o imperador Constantino (306-337) converteu-se sinceramente à religião do "crucificado" e tornou-se o grande impulsionador da criação da Igreja Cristã, através da rede de bispados espalhada pelo vasto Império Romano. De passagem, Paul Veyne provoca-nos com outras questões: de onde vem o monoteísmo? Tem fundamento falar de ideologia? A religião tem raízes psicológicas? E nós, temos origens cristãs?
Esse grande livro foi um dos meus principais referenciais teóricos na pesquisa do mestrado (que, diga-se de passagem, deve ser publicada em breve como livro). Jamais deixarei de recomendá-lo. Muito se fala sobre o combate ao preconceito no presente, o que é bom. Mas também devemos evitar a todo custo a difamação com relação a figuras históricas. Ora, nesse sentido Quando Nosso Mundo se Tornou Cristão cumpre um papel primoroso, e deveria ser lido por todos os que desejam ter uma visão justa sobre Constantino e seu papel na cristianização do Império Romano.
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