quarta-feira, 5 de outubro de 2016
Altar-mor da Basílica de São Pancrácio, Roma.
Hoje, em nosso "passeio" pelo romance Fabíola, veremos alguns espaços frequentados pelos cristãos de Roma. Sabe-se que os cristãos não sofreram perseguição por parte do governo imperial antes do ano 64. Nesse ano, o imperador Nero (54-68), promoveu uma intensa perseguição anticristã na cidade de Roma. Os seguidores do "crucificado" foram então acusados de promover um incêndio criminoso que devastou boa parte da capital imperial. Até esse episódio, os romanos politeístas consideravam o cristianismo como mera dissidência do judaísmo; após esse episódio, passaram a ter uma consciência maior das diferenças religiosas entre cristãos e judeus.
Após esse primeiro episódio de violência, vários outros ocorreram, até à pacificação final, na época de Constantino (307-337). A acusação mais frequente que recaía sobre os cristãos era a de irreligiosi in Caesares, isto é, desleais para com o imperador - além de serem taxados de "ateus", uma vez que não acreditavam nos deuses da civilização greco-romana. Para se ter ideia do nível da intolerância, o cardeal Wiseman afirma que "durante os três primeiros séculos do cristianismo, ser eleito papa significava ser promovido a mártir" (Wiseman, 1969: p. 74). Entretanto, entre a morte de Valeriano (260) e a "Grande Perseguição" (303-313), não ocorreram perseguições (embora muitos cristãos, isoladamente, tenham sido martirizados neste período).
A Igreja cristã aproveitou essa época de paz para organizar seu sistema religioso com segurança e até com esplendor. Assim, os cristãos passaram a realizar cultos públicos, ao invés de se reunirem nas catacumbas, que além de locais de sepultamento e devoção serviam também como refúgio em épocas de perseguição. Um desses lugares de culto veio a ser a Igreja de São Pancrácio, em Roma, erigida em memória do adolescente martirizado por ocasião do Grande Perseguição, mencionada acima. Livres dos seus algozes, os cristãos também aproveitaram para reforçar a assistência aos órfãos e aos necessitados a partir de espaços como o do "templo da hospitalidade", mencionado no cap. XIII do romance Fabíola.
Leia a Parte 3
0 comentários:
Enviar um comentário