“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Arariboia, um Herói Temiminó

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Uma estátua de Arariboia. Clube Saldanha da Gama, Vitória, ES.


Em 1555, com o apoio dos índios tamoios (tupinambás), os franceses tomaram a Guanabara, no Rio de Janeiro, e fundaram a França Antártica. Os temiminós foram então desalojados e se refugiaram no sul da capitania do Espírito Santo, onde se converteram ao catolicismo. Em terras capixabas, Arariboia ajudou a expulsar os invasores franceses. 

Em 1560, franceses e tamoios foram atacados por uma coalizão formada pelos temiminós, liderados por Arariboia, e pelos portugueses, liderados por Estácio de Sá e Mem de Sá. O Forte Coligny foi destruído, mas os franceses não foram definitivamente expulsos da região. A campanha contra os tamoios, por sua vez, prosseguiu em Cabo Frio e outras regiões. Em Iperoig os nativos descobriram que o acordo de paz combinado com os portugueses não seria respeitado: muitos dos tamoios da região acabaram escravizados pelos colonos da área. Parte dos sobreviventes desse povo escapou para a serra do Mar. 

Em 1567, a guerra contra os franceses chegou ao fim. Em recompensa pelos seus serviços, os temiminós receberam o lado direito da entrada da Baía de Guanabara. O local foi chamado de vila de São Lourenço dos Índios, que em 1835 se tornaria a cidade de Niterói.

O "desfecho" da história de Arariboia (rebatizado como Martim Afonso de Sousa) com os portugueses é bastante emblemática da relação entre esses dois povos. Em 1575, Antônio Salema tomou posse como governador das províncias do sul da colônia. Ao conceder uma audiência a Arariboia, resolveu repreender o chefe temiminó, que cruzara as pernas à sua frente. Arariboia respondeu: 

"Se você soubesse como estão cansadas essas pernas das guerras em que servi ao seu rei, não reclamaria por tão pouco. Mas como me considera desrespeitoso, vou voltar à minha aldeia, onde não damos importância a essas ninharias e nunca mais vou voltar à sua corte." 


Fonte: CAMPOS, C. L. & FIGUEIREDO, C. História e Cultura dos Povos Indígenas no Brasil. São Paulo: Barsa Planeta, 2009, p. 67-68.

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