terça-feira, 7 de fevereiro de 2017
"Em tempo normal a noite cai sobre a Cidade como a sombra de um perigo difuso, encapotado, temível. Cada um entra em sua casa, calafeta-se, entrincheira-se. Em toda a parte silenciam as lojas. Cadeias de segurança são postas atrás dos batentes das portas. Os taipais fecham-se e os vasos de flores retiram-se das janelas que enfeitavam.
Os ricos quando têm de sair, fazem-se acompanhar de escravos que levam archotes para alumiar e proteger a marcha. Os outros não confiam excessivamente nas rondas noturnas que de tochas na mão patrulhavam o setor - demasiado vasto para ser convenientemente vigiado - das duas regiões cuja polícia incumbe às sete cortes. É com uma vaga apreensão e uma inevitável contrariedade que as pessoas se aventuram a sair. Juvenal diz suspirando que se expõe a ser acusado de negligência quem vai a uma ceia sem ter feito testamento."
CARCOPINO, Jérôme. A vida quotidiana em Roma no apogeu do império. Tradução de António José Saraiva. Lisboa: Livros do Brasil, s/d, p. 67.
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