“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

A Via Crucis dos Cristãos Perseguidos

sexta-feira, 17 de março de 2017

Mulheres no campo de refugiados de Celle, Alemanha (foto: Reuters). Para muitos cristãos que vivem nesses campos, seu pesadelo está longe do fim.


Segundo o Center for Study of Global Christianity, 90 mil cristãos foram assassinados por causa de sua fé em 2016. Para Massimo Introvigne, diretor do Centro de Estudos Sobre Novas Religiões (CESNUR), esses dados alarmantes colocam os cristãos como o grupo religioso mais perseguido do mundo.

Atualmente, cerca de 215 milhões de cristãos são perseguidos no mundo por causa de sua fé. Há 25 anos, a organização Open Doors (Portas Abertas, no Brasil) divulga a lista dos países onde é mais perigoso ser um seguidor de Cristo. A relação inclui México, Colômbia, países da África, Ásia e, sobretudo, do Oriente Médio. 

Além de grupos extremistas, como o Estado Islâmico, narcotraficantes, populares e mesmo governos ameaçam, desalojam, massacram e cometem diversas outras atrocidades contra os cristãos. 

Dentre os governos mais opressivos, destaca-se o da comunista Coreia do Norte, país que há 15 anos lidera o ranking da Portas Abertas. A nação mais fechada do mundo é governada há quase 70 anos pela dinastia Kim, que vê toda a forma de crença como uma ameaça à sua autoridade. O cristianismo, em especial, é perseguido por ser rotulado como uma religião ocidental. 

Os cristãos norte-coreanos precisam esconder a sua fé para não serem presos e enviados a campos de trabalhos forçados. Segundo o Centro de Base de Dados para os Direitos Humanos da Coreia do Norte, ao menos 75% dos cristãos não sobrevivem à perseguição. 

Nos últimos anos, o noticiário internacional deu destaque à crise dos refugiados que buscam entrar na Europa. Os refugiados cristãos do Oriente Médio, além de serem as principais vítimas dos terroristas do Estado Islâmico e da guerra civil síria, ainda sofrem com a omissão do Ocidente, cuja diplomacia foca em interesses petrolíferos e no conflito árabe-israelense. 

Cristãos da Síria e do Iraque chegaram a ter seus pedidos de imigração para os países ocidentais postos em segundo plano pela Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo relatos, o governo alemão também está rejeitando pedidos de asilo de refugiados cristãos, deportando-os injustamente. 

Enquanto aguardam por um salvador em campos de refugiados, os cristãos são hostilizados por outros refugiados, normalmente muçulmanos. As autoridades que os deveriam proteger, muitas vezes os discriminam ou são indiferentes às suas queixas. Assim, poucos denunciam a violência. Em todo caso, segundo a Portas Abertas, cerca de 800 refugiados cristãos e yazidis foram atacados por outras etnias nos acampamentos e centros de assistência na Alemanha. Isso apenas no ano passado. 

Os Estados Unidos, país protestante, também deu as costas aos cristãos perseguidos nos últimos anos. Dados do próprio governo informam que, dos quase 11 mil refugiados sírios aceitos no país no ano fiscal de 2016, apenas 56 eram cristãos. Tal descaso é apenas um exemplo da apatia de Washington em relação ao drama dos cristãos. A imprensa internacional, por sua vez, geralmente simpática a Obama, pouco denunciou seu imobilismo ante a tamanha crise humanitária. 

Entretanto, finalmente surgiu uma luz. Dias após sua posse, o presidente Donald Trump anunciou que os cristãos sírios terão prioridade nas concessões do status de refugiado nos Estados Unidos. A noite de choro dos cristãos pode parecer longa, mas sua esperança é de que a alegria virá pela manhã (Sl 30:5).

Publicado no jornal A Tribuna de hoje (17/03/2017).

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