“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Pe. Manoel da Nóbrega (1517-1570)

domingo, 19 de março de 2017


Manoel da Nóbrega 
Serafins do Douro, 1517 - Rio de Janeiro, 1570. 

Filho do desembargador Baltazar da Nóbrega, nasceu no dia 18 de outubro de 1517. Obteve o grau de bacharel em Direito Canônico e Filosofia em 1541. Chegou a se inscrever para lente da universidade, mas, ao apresentar o trabalho para audiência, gaguejou. 

Aos 27 anos, ordenou-se pela Companhia de Jesus (1544), recém-fundada por Inácio Loyola. Como pregador, viajou por Portugal e Espanha. A convite do rei d. João III, embarcou na frota de Tomé de Sousa (1549). Chegou à Bahia em março de 1549, onde teria dito a auxiliares: "Esta terra é nossa empresa." Logo ao chegar, iniciou o trabalho de catequese dos indígenas, dirigindo uma intensa campanha contra a antropofagia, comum entre os nativos, e, ao mesmo tempo, combatendo sua exploração pelo homem branco. O padre Nóbrega continuou aqui por alguns meses, dedicando-se a obras de apostolado e caridade. Participou da fundação das cidades de Salvador e do Rio de Janeiro e também da luta contra os franceses, na condição de conselheiro de Mem de Sá. 

Além de constantes viagens pela costa, deve-se a padre Nóbrega o estímulo para a conquista do interior, ultrapassando o limite da Serra do Mar. O religioso foi pioneiro ao subir o Planalto de Piratininga para fundar a vila de São Paulo, que veio a ser o ponto de partida para o sertão e para a expansão do território brasileiro. A casa e a escola dos jesuítas foram fundadas em Inhapuambuçu, hoje o pátio do colégio. A primeira missa foi ali rezada por Nóbrega em 29 de agosto de 1553, fazendo cerca de cinquenta catecúmenos. 

Em 1563, juntou-se ao noviço José de Anchieta no trabalho de pacificação dos tamoios, que retiraram o apoio aos invasores franceses, finalmente derrotados. Em Iperuí (atual Ubatuba), Nóbrega e Anchieta foram feitos reféns de paz dos índios Tamoios. Nóbrega acompanhou ainda a expedição de Estácio de Sá, encarregada de fundar a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, onde construiu um colégio jesuíta. 

Em resposta ao seu pedido, o rei português enviou d. Pero Fernandes Sardinha para fundar a primeira diocese no Brasil, em Salvador (o bispo Sardinha acabaria devorado pelos índios caetés). Em 1558, Manoel da Nóbrega convenceu o governador Mem de Sá a emitir decretos contra a escravização dos índios. Nomeado o primeiro provincial da Companhia de Jesus no Brasil, foi substituído pelo padre Luís da Grã por estar doente. Com febre e sangramentos pela boca, faleceu no dia 18 de outubro de 1570. 

Nos escritos de padre Manoel da Nóbrega encontra-se o início da história do povo brasileiro do ponto de vista do catequizador. Contribuindo para o estudo dos tupinambás, em suas cartas nota-se a atitude dos jesuítas a respeito da conversão do gentio e da tentativa de extinguir o canibalismo. Seu Diálogo sobre a conversão do gentio (1557), tem grande valor literário e é considerado o primeiro texto em prosa escrito no Brasil. 

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Fonte: ERMAKOFF, George (org.). Dicionário Biográfico Ilustrado de Personalidades da História do Brasil. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2012, p. 922.

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