domingo, 12 de março de 2017
Carlos Marighella
Salvador, 1911 - São Paulo, 1969.
Carlos Marighella foi filho de um imigrante italiano, o operário Augusto Marighella, e de Maria Rita do Nascimento, uma negra descendente dos haussás, conhecidos pela combatividade nas sublevações contra a escravidão.
Aos 18 anos, Carlos Marighella iniciou o curso de engenharia na Escola Politécnica da Bahia e passou a militar no Partido Comunista Brasileiro. Sua vida foi dedicada à causa dos trabalhadores, da independência nacional e do socialismo.
Foi preso pela primeira vez em 1932, após escrever um poema com críticas ao interventor Juracy Magalhães. Uma vez liberto, prosseguiu com a sua militância política, interrompendo a faculdade durante o terceiro ano, em 1932, quando se mudou para o Rio de Janeiro.
Foi preso pela segunda vez em um protesto no dia do trabalho de 1936. Durante 23 dias enfrentou a repressão da polícia de Filinto Müller. Permaneceu na cadeia por mais um ano e só foi solto por ocasião da "macedada" - medida que libertou presos políticos sem condenação das prisões de Getúlio Vargas.
Depois dos problemas enfrentados na capital federal, mudou-se para São Paulo, onde passou a agir em prol de dois objetivos maiores: a reorganização dos revolucionários comunistas e o combate ao terror imposto pela ditadura de Vargas.
Preso pela terceira vez em 1939, novamente foi brutalmente torturado na Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS) de São Paulo (foto acima). Resistiu bravamente aos maus-tratos e não concedeu qualquer informação sobre o movimento. Nos seis anos seguintes, ficou isolado em presídios em Fernando de Noronha e Ilha Grande; durante o período, atuou na educação cultural e política dos companheiros de cadeia.
Anistiado em abril de 1945, logo envolveu-se no processo de redemocratização e organização do Partido Comunista Brasileiro (PCB), agora legal. Eleito deputado constituinte pela Bahia, em menos de dois anos realizou cerca de 200 discursos em defesa das aspirações operárias e contra a crescente penetração imperialista no país.
Em 1948, em pleno governo anticomunista de Dutra, teve o mandato cassado. Daí em diante, Marighella retornou à clandestinidade, condição em que ficou até o fim da vida.
Na década de 1950, retornou a São Paulo, onde tomou parte ativa nas lutas populares do período. Posicionou-se contra o envio de soldados brasileiros à Coreia. Em 1958, redigiu o ensaio Alguns aspectos da renda da terra no Brasil, o primeiro de uma série de análises teórico-políticas que elaborou até 1969. Nessa época também conheceu países comunistas como a União Soviética e a China Popular. Anos depois, visitou Cuba.
Por ocasião do golpe civil-militar de 1964, Marighella foi preso por agentes do DOPS carioca, levando um tiro à queima-roupa no peito por resistir à prisão. Graças a um movimento de solidariedade, os militares aceitaram um habeas corpus que o livrou da prisão.
Daí em diante, intensificou o combate ao regime militar, utilizando-se dos meios de informação até a luta armada. Desentendeu-se com o Partido Comunista, o qual criticou por seu imobilismo. Fundou então a Aliança Libertadora Nacional (ALN), com o objetivo de derrubar o regime militar através da luta armada.
Com o endurecimento do regime, passou a ser apontado como o inimigo público número um. Alvo de uma caçada nacional que mobilizou toda a estrutura da política política, foi surpreendido numa emboscada na noite de 4 de novembro de 1969, na capital paulista. Foi então baleado e morto por agentes do DOPS sob a chefia do delegado Sérgio Paranhos Fleury.
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Fonte: ERMAKOFF, George (org.). Dicionário Biográfico Ilustrado de Personalidades da História do Brasil. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2012, pp. 778-779.
1 comentários:
EXcelente! Historia pura na veia. Só fatos. Sem distorções ideológicas. Professor Raphael está de parabéns pela escolha do texto. Ass: Klaus . Estou com saudade, mestre. klausprovenzano@hotmail.com
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