quinta-feira, 17 de outubro de 2019
Publicarei, aqui no blog, uma seleção das melhores piadas do livro Do Éden ao Divã - Humor Judaico. Acompanhe a partir da hashtag #HJ .
O que vem a ser "humor judaico"? Para começo de conversa, é o humor que é abertamente judeu em suas preocupações, tipos, definições, linguagem, valores ou símbolos. (Uma piada judaica reza uma definição, é aquela que nenhum gói pode entender e que todos os judeus dizem já ter ouvido antes.) Mas nem todo humor judaico deriva de fontes judias, assim como nem todo humor criado por judeuas é necessariamente judaico. O humor judaico é demasiado rico e diversificado para ser descrito adequadamente por uma simples generalização. Os teólogos judeus costumavam dizer que é mais fácil descrever Deus em termos do que Ele não é. O mesmo processo pode ser útil para a compreensão do humor judaico. Ele não é escapista, não é grosseiro, não é cruel; ao mesmo tempo, também não é polido ou gentil.
O humor judaico normalmente versa sobre temas como: a comida, a família, negócios, o antissemitismo, a riqueza e a pobreza, a saúde e a sobrevivência. Há nele uma fascinação com a lógica; mais precisamente, pelo tênue limite que separa o racional do absurdo.
Na forma de comentário social ou religioso, o humor judaico pode ser sarcástico, queixoso, resignado, provocando, não uma gargalhada, mas um sorriso melancólico, um aceno de cabeça, um suspiro. Reações diferentes das que experimentamos em cenas cômicas, em que o riso deriva do infortúnio dos outros.
O humor judaico tende a ser antiautoritário. Ele ridiculariza a grandiosidade e a auto-indulgência, a hipocrisia, a pomposidade. Ele é fortemente democrático, enfatizando a dignidade e o valor do cidadão comum, satirizando figuras proeminentes da sociedade em geral e também do mundo judaico, como os rabinos, cantores de sinagogas, sábios, intelectuais, professores, doutores, homens de negócios, filantropos. Ele recorre à familiaridade, à intimidade; e neste sentido dá margem à ternura.
O judeu ri. Mas ri do que, e por quê? A análise do humor, em geral, que esboçamos acima, permite sugerir uma resposta. O judeu ri de si mesmo e dos outros judeus. Ao rir, o judeu indefeso diante da violência (o humor judeu nasce às vezes dentro do campo de concentração), afirma sua superioridade, seu próprio ego e seu direito a viver sem restrições. E seu riso é profundo porque nasce de uma percepçõa particularmente aguda do absurdo das limitações a ele impostas por entidades aparentemente dignas do maior respeito: o mundo não-judaico e as figuras de proa da sua própria comunidade.
Por outro lado, o humor não luta só contra, ele luta também por: por uma ética pessoal isenta dos preceitos restritivos tradicionais, por uma sociedade mais justa, e pela liberdade de cada qual ser como é sem temer a ação insidiosa do preconceito. Em todo o ceticismo, em toda a desconfiança, em todo o conhecimento da transitoriedade das coisas 'importantes' aos olhos dos homens, ressoam no fundo das melhores piadas judaicas, ecos proféticos e messiânicos, ainda que às vezes pálidos e secularizados.
O humor judaico normalmente versa sobre temas como: a comida, a família, negócios, o antissemitismo, a riqueza e a pobreza, a saúde e a sobrevivência. Há nele uma fascinação com a lógica; mais precisamente, pelo tênue limite que separa o racional do absurdo.
Na forma de comentário social ou religioso, o humor judaico pode ser sarcástico, queixoso, resignado, provocando, não uma gargalhada, mas um sorriso melancólico, um aceno de cabeça, um suspiro. Reações diferentes das que experimentamos em cenas cômicas, em que o riso deriva do infortúnio dos outros.
O humor judaico tende a ser antiautoritário. Ele ridiculariza a grandiosidade e a auto-indulgência, a hipocrisia, a pomposidade. Ele é fortemente democrático, enfatizando a dignidade e o valor do cidadão comum, satirizando figuras proeminentes da sociedade em geral e também do mundo judaico, como os rabinos, cantores de sinagogas, sábios, intelectuais, professores, doutores, homens de negócios, filantropos. Ele recorre à familiaridade, à intimidade; e neste sentido dá margem à ternura.
O judeu ri. Mas ri do que, e por quê? A análise do humor, em geral, que esboçamos acima, permite sugerir uma resposta. O judeu ri de si mesmo e dos outros judeus. Ao rir, o judeu indefeso diante da violência (o humor judeu nasce às vezes dentro do campo de concentração), afirma sua superioridade, seu próprio ego e seu direito a viver sem restrições. E seu riso é profundo porque nasce de uma percepçõa particularmente aguda do absurdo das limitações a ele impostas por entidades aparentemente dignas do maior respeito: o mundo não-judaico e as figuras de proa da sua própria comunidade.
Por outro lado, o humor não luta só contra, ele luta também por: por uma ética pessoal isenta dos preceitos restritivos tradicionais, por uma sociedade mais justa, e pela liberdade de cada qual ser como é sem temer a ação insidiosa do preconceito. Em todo o ceticismo, em toda a desconfiança, em todo o conhecimento da transitoriedade das coisas 'importantes' aos olhos dos homens, ressoam no fundo das melhores piadas judaicas, ecos proféticos e messiânicos, ainda que às vezes pálidos e secularizados.
Adaptado de FINZI, Patricia et al. (edição, seleção e textos). Do Éden ao divã - Humor Judaico. São Paulo: Shalom, 1990, p. 1-2.
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