“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

As Guerras da Nova Roma

segunda-feira, 6 de junho de 2016



Fundada por Constantino (307-337) em 330, a "Nova Roma" (e, logo, Constantinopla) abrigava obras-primas da arte grega que seu fundador retirara dos santuários mais famosos a fim de adornar sua capital. No séc. V, sob o choque das invasões germânicas, o Ocidente do Império Romano se fragmentou em diversos reinos bárbaros. Constantinopla, contudo, não sucumbiu aos invasores, mantendo vivas a lembrança de Roma e de suas tradições. Um de seus imperadores, Justiniano (527-565), chegou mesmo a se empenhar na restauração da antiga unidade do Império Romano, o que em boa medida conseguiu.


Mapa de Constantinopla. Clique para ampliar.

Que ninguém pense, todavia, que os romanos do Oriente viveram sossegados. Eles precisaram repelir assaltos dos hunos, dos eslavos, dos ávaros, dos árabes, dos búlgaros, dos russos, e contra todos eles se defenderam com vigor. Contra os árabes, os bizantinos se livraram de dois desgastantes assédios: de 673 a 678 e, principalmente, de 717 a 718. Essa resistência heroica impediu que os muçulmanos invadissem os Bálcãs, e por essa península talvez toda a Europa.

Como prenunciei na minha dissertação de mestrado, ao que tudo indica as "guerras santas" foram um fenômenos de longa duração no mundo mediterrânico. Assim, Charles Diehl defende que as guerras de Heráclio (610-641) contra os persas "adoradores do fogo" no séc. VII foram uma verdadeira guerra santa. 

No séc. XI, Basílio II (976-1025) destruiu o Império Búlgaro, estendendo até o Danúbio a fronteira bizantina, fronteira essa que estava perdida desde o início do séc. VII.

Em 1071, o imperador Diógenes (1068-1071) sofreu uma dura derrota em Mantzikiert, caindo ele próprio nas mãos dos muçulmanos. No séc. XII, os Comnenos retomaram com êxito a ofensiva contra os turcos seldjúcidas na Anatólia. Entretanto, a derrota de Manuel Comneno (1143-1180) em Myriokephalon (ou Miriocéfalo), em 1176, foi um desastre ainda mais grave do que Mantzikiert. 


Ilustração da batalha de Mantzikiert, por Marek Szyszko.

Daí em diante, a queda do Império Bizantino revelou-se uma questão de tempo. Em 1204, os latinos da Quarta Cruzada tomaram Constantinopla e ficaram assombrados com o luxo e a grandiosidade da cidade. A época da dinastia dos Paleólogos foi uma lenta agonia. Contudo, o último imperador, Constantino Dragases (1449-1453), tributário do sultão otomano, liderou uma uma defesa absolutamente heroica de Constantinopla. Apesar de sua tenaz resistência, era o fim de uma era: em 1453, a poderosa capital bizantina foi abaixo pelas balas dos canhões turcos.


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Bibliografia consultada: DIEHL, C. Os Grandes Problemas da História Bizantina. São Paulo: Ed. das Américas, 1961, pp. 37-44.

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