“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

A Mesoamérica Antiga

segunda-feira, 24 de julho de 2017

No México central, desde 15 mil ou 20 mil a.C., já existiam povos caçadores que utilizavam armas de pedra lascada ao perseguirem mamutes e outros animais selvagens. No IV milênio a.C., o milho começou a ser cultivado na região de Tehuacán. Nos cinco séculos seguintes, a agricultura expandiu-se no planalto e ao longo dos vales, em direção ao litoral do golfo. Com o início da agricultura, da cerâmica e da tecelagem, despontaram aldeias, aglomerações de índios sedentarizados. Durante quase três milênios os camponeses teriam uma vida semelhante às das vilas neolíticas do Velho Mundo. Ao fim do período "pré-clássico", pouco antes da era cristã, os índios de Cuicuilco eram suficientemente numerosos e organizados para construírem a primeira pirâmide no planalto central. 

Desde aquela época, brilhava a civilização dos olmecas, que desde a segunda metade do II milênio a.C. construíram imponentes centros cerimoniais no litoral do golfo, principalmente em La Venta e San Lorenzo. Com os olmecas surgiram os típicos altares e pirâmides, estelas esculpidas, baixo-relevos, jades e jadeístas cinzelados, e sobretudo a escrita hieroglífica, além da contagem do tempo. Todos esses foram traços essenciais a todas as altas civilizações do México. Assim, os olmecas foram o elo entre os períodos pré-clássico (época das aldeias) e clássico (época da civilização urbana). 

No México, o I milênio d.C. foi o período das civilizações "clássicas". Quatro núcleos então brilharam: o território dos maias, ao sul, com grandes cidades como Palenque e Copán; Monte Albán e Mitla, no território dos zapotecas de Oaxaca; El Tajín no atual Estado de Veracruz; e Teotihuacán (apogeu entre 400 e 700), no planalto Central. 

Ainda que superados por imensas distâncias e imponentes obstáculos naturais, os quatro centros clássicos tiveram, sem dúvida, contato entre si. A arquitetura monumental, o baixo-relevo, a escrita hieroglífica e o calendário apresentam numerosas características comuns, em que pesem as claras diferenças de estilo. 

Durante todo esse período, os astecas (azteca) ou mexicanos (mexica) supostamente viviam em Aztlán, ao sul dos atuais Estados Unidos (teriam se estabelecido ali em meados do século II). Sua língua era o nahuatl. Eles partilhavam ainda do modo de vida das tribos guerreiras, nômades e caçadoras conhecidas pelo nome de Chichimecas ("bárbaros"), que sobreviviam da caça e da coleta nas zonas áridas e montanhosas. Além disso, cobriam-se de peles e se abrigavam em cavernas ou sob leves cabanas de ramos. 

Os astecas provavelmente permaneceram por mil anos à margem das civilizações do planalto Central, desconhecendo-as e sendo por elas desconhecidos. Afinal, entre eles e o vale do México, viviam muitos outros povos chichimecas. Os astecas encontravam-se então fora do México e de sua civilização.     

Adaptado de SOUSTELLE, Jacques. A Civilização Asteca. Tradução de Maria Júlia Goldwasser. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1987, p. 8-11.

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