“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Dos Toltecas aos Astecas

terça-feira, 25 de julho de 2017

Reconstituição de Tenochtitlán, capital asteca. 

Devido a fenômenos econômicos e sociais ainda obscuros, as grandes cidades clássicas foram gradualmente abandonadas entre os séculos IX e XI. Foi então que os povos de língua nahuatl entraram em cena no México. A partir de então, desempenharam um papel predominante. Oriundos do norte, os toltecas fundaram Tula, em 856 d.C. Durante aproximadamente um século, os primeiros migrantes toltecas aceitaram a hegemonia de uma classe sacerdotal originária de Teotihuacán. 

Com a chegada de sucessivas vagas migratórias do norte, esse frágil equilíbrio se rompeu. Os indígenas do norte traziam consigo a religião astral, a noção de guerra cósmica, os sacrifícios humanos e uma organização social militarista. Após uma série de conflitos, seu deus-feiticeiro, Tezcatlipoca, baniu Quetzalcoatl em 999. 

A civilização tolteca propriamente dita desenvolveu-se, então, a partir do século XI. Os sacrifícios humanos generalizaram-se. O "rei", emanação da aristocracia militar, detinha, juntamente com esta, os poderes que outrora cabiam à classe sacerdotal. Do planalto central, a civilização tolteca irradiou-se até Michoacán, as costas do golfo e as montanhas de Oaxaca e do Yucatán. 

Dissensões internas e a invasão de novos imigrantes provocaram o saque e o abandono da cidade de Tula, em 1168. A derrocada do poderio tolteca provocou um enorme abalo em todo o mundo autóctone da época. Importantes contingentes toltecas continuaram, porém, estabelecidos outras cidades, como Colhuacán e Cholula. Assim, o essencial de sua arte, de suas concepções religiosas e de sua organização dinástica sobreviveu no México até a conquista espanhola.

As origens dos astecas, como vimos, foram difíceis e obscuras. Chegados tardiamente ao México central, no século XIII, foram por muito tempo considerados intrusos, semibárbaros, pobres e sem terras. Atravessando o Michoacán, penetraram no planalto Central pela região de Tula. Ao se aproximarem lentamente do México central, as tribos bárbaras recém-chegadas (astecas e outros chichimecas) adotaram rapidamente a vida sedentária, a língua, os ritos e a forma de governo das cidades toltecas tardias. 

No século XIV, 28 Estados compartilhavam o planalto Central. Alianças, ligas, guerras e golpes de governo entre si transformavam a cada dia o equilíbrio político. Os astecas entraram em conflito com Colhuacán, perderam Uitziliuitl, seu soberano, e acabaram por se refugiar nas ilhas da zona pantanosa a oeste do grande lago. A fim de evitar um desastre como fora o do efêmero reino de Uitziliuitl, os toltecas procuraram um soberano da linha tolteca de Colhuacán. Assim, entronizaram Acamapichtli em 1375.

Seu sucessor, o segundo Uitziliuitl, desenvolveu uma política de alianças matrimoniais. O rei seguinte, Chimalpopoca, morreu assassinado em 1428 e foi sucedido por Itzcoatl (1428-1440). Sob seu reinado foi fundada a Tríplice Aliança de Tenochtitlán, Texcoco e Tlacopan, que acabou se tornando o Império Asteca. 

Os astecas dominavam com esplendor a maior parte do atual México quando os conquistadores espanhóis ali chegaram, em 1519. O nome do soberano Montezuma II era venerado ou temido do Atlântico ao Pacífico, e das regiões áridas setentrionais até a Guatemala. Seus comerciantes com suas caravanas de carregadores percorriam o país em todos os sentidos. Nas fronteiras, as guarnições astecas mantinham à distância as populações insubmissas. Na capital, Tenochtitlán, a arquitetura e a escultura haviam alcançado um impulso extraordinário, enquanto o luxo crescia no vestuário, à mesa, nos jardins e na ourivesaria. 

Adaptado de SOUSTELLE, Jacques. A Civilização Asteca. Tradução de Maria Júlia Goldwasser. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1987, p. 7 e 11-19.

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