“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

#15Livros de História

domingo, 8 de março de 2020

Atendendo ao pedido de um amigo, listei 15 grandes obras de história que marcaram a minha formação. Listas similares já foram elaboradas, e eu não me preocupei necessariamente com as avaliações que predominam na Academia. Alguns dos livros abaixo eu considero mais importantes por me proporcionarem uma visão geral dos acontecimentos tratados, ainda que não sejam considerados clássicos. Destaquei também alguns que são obras consagradas da historiografia, mas foram ostracizados pelos ilustres doutores da universidade brasileira. Enfim, trata-se de um lista subjetiva, ainda que eu tenha equilibrado as minhas preferências com o compromisso de apresentar aos interessados uma bibliografia básica (particularmente da história do Mundo Ocidental).  

1. A Humanidade e a Mãe-Terra, de Arnold Toynbee
Trata-se de uma obra geral sobre a história da civilização. Muito interessante por dar ao leitor uma visão sincrônica dos acontecimentos no Ocidente e no Oriente.

2. História das Guerras, de Demétrio Magnoli (org.)
Publicado pela editora Contexto em 2006, reúne estudos compactos de historiadores brasileiros que são referência em suas áreas. Proporciona, assim, uma visão geral excelente dos principais conflitos da humanidade (incluindo o maior de todos no qual o Brasil se envolveu, a Guerra do Paraguai).

3. História da Vida Privada, Philippe Ariès e Georges Duby (dir.)
Uma coleção publicada no Brasil pela Companhia das Letras. É abundante em fontes icnográficas, o que torna a leitura muito prazerosa. 

4. A Cidade Antiga, de Fustel de Coulanges
Bem-vindo a um dos maiores clássicos da historiografia. Apesar disso, é pouco indicado nos cursos de história das universidades brasileiras. Um belíssimo estudo sobre o culto, o Direito e as Instituições da Grécia e da Roma antigas.

5. História do Mundo Grego Antigo, de François Lefèvre
Esse livro foi publicado no Brasil em 2013, pela Wmf Martins Fontes. A minha sensação após terminar de fichá-lo foi a de concluir um dos doze trabalhos de Hércules... o livro é essencial para qualquer estudante da civilização grega antiga, mas é deveras denso.

6. Os erros da liberdade, de Pierre Grimal
Sem sombra de dúvida, um dos livros mais sublimes que já li. O autor nos apresenta a história da liberdade, analisando as estruturas originais das sociedades grega e romana e explicitando as diferenças das mentalidades antigas. Desta lista, é o único que faz uma interface com a filosofia.

7. História da Educação na Antiguidade, de Henri-Irénée Marrou
Ao contrário da obra 4 desta lista, ao terminar de fichar História da Educação na Antiguidade fiquei com a sensação de "que pena que acabou...". O livro é inigualável e deveria ser obrigatório em todos os cursos de licenciatura. É indispensável para todos que se pretendam humanistas, num mundo cada vez mais pitagórico. Um clássico nessa área, mas restrito à educação na Grécia antiga, é Paideia, de Werner Jaeger.

8. O Império Greco-Romano, de Paul Veyne
Trata-se de uma obra de referência na atualidade para todo historiador da Roma antiga. Foi escrita por um dos maiores historiadores vivos. Para quem está a iniciar seus estudos sobre a história de Roma, eu recomendo Roma antiga: de Rômulo a Justiniano, de Thomas R. Martin. É uma obra menos acadêmica, mais panorâmica e de leitura mais leve.

9. Declínio e queda do Império Romano, de Edward Gibbon
Definitivamente, um clássico do século das Luzes. Apesar do enorme talento literário de Gibbon, algo raro entre os historiadores, sua tese central - de que o Império Romano teria caído devido às forças conjugadas da "barbárie" e da "religião" [cristã] - já foi superada. No Brasil, há uma edição condensada disponível ("Companhia de Bolso"). 

10. Dicionário Temático do Ocidente Medieval, Jacques Le Goff e Jean-Claude Schmitt (dir.)
Particularmente, sou apaixonado por dicionários especializados, e esse não poderia ficar de fora dessa lista. Para quem aprecia os clássicos da historiografia, a menção obrigatória é a O Outono da Idade Média, de Johan Huizinga.

11. Racismos, de Francisco Bethencourt
Li esse livro nas férias, e posso garantir que permanecerá por muito tempo como uma referência sobre o tema. O recorte temporal é das Cruzadas ao século XX, mas traz alguns aspectos do preconceito racial na Antiguidade clássica. 

12. Renascimento e Reforma, de V. H. H. Green
Publicado em Portugal em 1991, provavelmente já deve estar raro nos sebos. Trata-se de um vigoroso estudo da história política, cultural e religiosa Europa entre 1450 e 1660.

13. Da Alvorada à Decadência - 500 anos de Vida Cultural no Ocidente, de Jacques Barzun
Um compêndio belíssimo e obrigatório sobre a história da cultura ocidental, de 1500 ao século XX.

14. História Geral do Brasil, de Maria Yedda Linhares (org.)
Confesso que não sou um profundo conhecedor da história do Brasil, mas esse livro, publicado pela Elsevier em 1990, é uma referência obrigatória. Para os apaixonados pelos clássicos da nossa historiografia, Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, e Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freyre, são obrigatórios.

15. História do Século XX, de Martin Gilbert
Para os estudantes lusófonos, que padeciam com a "ditadura" de Eric Hobsbawm até 2014 (quando História do Século XX foi publicado em Portugal), esse livro foi uma verdadeira luz ao fim do túnel. Fiz questão de importá-lo assim que ele foi lançado; recentemente foi publicado no Brasil. O livro assemelha-se a um "diário", e é muito bem escrito.

0 comentários:

Enviar um comentário