“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

O Menino e o Golfinho

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

A história do menino e o golfinho foi relatada por Plínio a Caninius Rufus (Cartas 9.33), disponível aqui 

Plínio nos relata uma improvável e trágica amizade entre um menino romano e um golfinho. Certo dia, o garoto nadou na praia perto de Hippo (moderna Bizerta, Tunísia), indo mais longe do que o normal. Foi assim que ele foi abordado por um golfinho curioso. O animal circulou, saltou e espirrou água - permitindo que o menino o acariciasse e até subisse em suas costas! O golfinho brincalhão levou o menino para um passeio no mar e voltou, enquanto as pessoas na praia assistiam a tudo fascinadas.

A notícia do incidente milagroso se espalhou, e nos dias seguintes outras crianças foram até o local, onde nadaram e tentaram interagir com o golfinho. No entanto, o cetáceo só reconhecia seu companheiro original, carregando-o nas costas em meio às ondas, para o deleite das multidões.

Eventualmente, o delfim tornou-se ainda mais dócil, aproximando-se dos moradores locais, na praia, deixando-se tocar e acariciar. Certo dia, o tolo governador Octavius Avitus apareceu na praia, para conhecer o agora famoso animal. Ele derramou um tipo de perfume nocivo no animal, numa espécie de oferenda religiosa mal orientada. Isso assustou o golfinho, que retornou ao mar. O menino então achou que nunca mais veria seu companheiro de natação.

No entanto, para a surpresa geral, ele retornou, e recuperou a sua confiança. Multidões se deslocavam até Hippo, incluindo importantes personalidades romanas, a fim de verem o menino brincar com seu amigo aquático. Todavia, nem todos se alegraram. O conselho municipal reclamou que a pequena cidade deixara de ser pacífica, e os turistas estavam pressionando os seus recursos.

Os magistrados então se reuniram e um deles (talvez o "perfumista" Octavius Avitus), do alto de sua estupidez, propôs que se livrassem do animal "problemático". O incrível golfinho então foi capturado e secretamente morto. Na praia, o menino esperou, mas nunca mais viu seu amigo.  

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