“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

A aversão romana à Realeza

segunda-feira, 1 de maio de 2023

 

Uma forte reação contra a monarquia marcou a expulsão do último rei de Roma, Tarquínio, o Soberbo, em 509 a.C.

Se os antigos gregos estavam preocupados com a tirania, pode-se dizer que a Roma republicana estava obcecada por ela. Numa grande epopeia nacional composta por seus historiadores, como Lívio e Políbio (na realidade um grego), e seu próprio Homero, o poeta Virgílio, toda a existência de Roma estava voltada para impedir a autoridade arbitrária de um homem sobre o bem comum. Os gregos, como vimos, distinguiam entre monarcas legítimos e tiranos que tinham usurpado o poder e tinham admitido que mesmo os últimos poderiam às vezes fazer coisas boas por seus países. Para os romanos, essas distinções se reduziam brutalmente a um termo simples, odiado e extremamente abrangente - Rex. Embora o traduzamos por "rei", para os romanos era indistinguível do que os gregos quiseram dizer com tirania em seu pior sentido. Regnum - realeza - era a mais detestada forma de autoridade, reduzindo cidadãos livres à condição de escravos. Não havia diferença se os reis faziam coisas boas ou más; o poder que tinham sobre os cidadãos era intolerável. Para os gregos, fazia diferença que Sófocles tivesse chamado Édipo de tirano em vez de rei (basileus). Para os romanos, não fazia a menor diferença, motivo pelo qual traduziram a peça como Oedipus Rex, Édipo Rei - em outras palavras, tirano.      

NEWELL, Waller R. Tiranos - Uma História de Poder, Injustiça e Terror. Tradução de Mário Molina. São Paulo: Cultrix, 2019, p. 74.

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