“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Ramsés II e Hórus

quinta-feira, 21 de março de 2019

A escultura acima foi feita em um único bloco de granito, entre 1293 e 1185 a.C., e atualmente encontra-se no Museu Egípcio. Mede 2,30 metros e foi escavada na antiga cidade de Tanis, capital do Egito durante as XXI e XXII dinastias. 

Quando essa obra foi encontrada, faltava-lhe o rosto do falcão, que foi feito em outra pedra. Felizmente, esse rosto também foi encontrado, separado do conjunto. A personagem agachada é Ramsés II, da XIX dinastia, faraó entre 1279 e 1213 a.C. Seu reinado foi um dos mais prestigiosos e longos da história do antigo Egito, destacando-se por diversas campanhas militares vitoriosas. 

A cor dessa escultura é escura, próxima do ocre; é lisa, mas com linhas cavadas na pedra. Há um pássaro em pé, de grande estatura, e à sua frente está Ramsés. Ele tem uma das mãos no queixo e a outra segura um pequeno cajado. 

O falcão representava Hórus, "deus dos Céus", uma das mais importantes divindades egípcias: era um deus solar, filho de Osíris e Ísis, considerado a manifestação do poder do Sol. Hórus era representado pelo falcão, pois sua vista é tão poderosa que ele é o único animal que pode fixar o Sol. Na escultura em questão, o falcão tem um aspecto sereno e adota uma postura segura, sólida e equilibrada. Ao representar um deus, encarnas seus poderes e qualidades. 

Ramsés, por sua vez, é representado agachado e com um dedo encostado na boca, como se fosse uma criança, o que denota certa fragilidade. Ele leva à cabeça uma coroa ornada com um disco solar e leva um caniço na mão, símbolo do poder real. 

A associação entre o faraó e o falcão, representação do deus Hórus, expressa a proteção para o faraó e confere um caráter divino à monarquia. A relação estreita de Ramsés com Hórus parece evidenciar a natureza divina e solar do faraó, dando a entender que a divindade governava por meio do rei. A coroa de disco solar afirma ainda mais a identidade entre o jovem rei e o falcão. 

A intenção do escultor pode ter sido registrar que o faraó governou protegido pelo deus Hórus. Isso legitimava seu governo e transmitia a ideia de que o faraó era representante de Hórus na Terra, sua imagem, reflexo e encarnação.

VICENTINO, Cláudio & VICENTINO, José Bruno. Olhares da História: Brasil e Mundo. Colaboração de Severio Lavorato Júnior. 1. ed. São Paulo: Scipione, 2016,  p. 327.   

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