“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Campo de Batalha Escandinavo

segunda-feira, 5 de março de 2018

Nas áreas destacadas em vermelho, as concessões territoriais que a Finlândia fez à União Soviética. 

Inverno de 1939-1940. 

Stálin aprovou decisões do supremo conselho militar do Exército Vermelho que diminuíram a capacidade defensiva soviética. Por outro lado, ao mesmo tempo, Stálin procurava obter um máximo de concessões vindas de Hitler. Este, por sua vez, aceitou as exigências de Stálin (que incluíram planos de aperfeiçoamento em matéria armamento naval). O Führer não queria fazer nada que levasse o ditador soviético a quebrar a sua neutralidade durante a ofensiva no Ocidente. 

Através de seus serviços secretos, Hitler soube que ingleses e franceses planejavam desembarcar um contingente militar em Stavanger, Bergen e Trondheim. Assim, o estado-maior do exército começou a preparar uma contraofensiva. Em 21 de fevereiro de 1940, Hitler nomeou o general Nikolaus von Falkenhorst como comandante da invasão. As tropas alemãs desembarcariam em Stavanger, Bergen, Trondheim, Arendal, Kristiansand e Oslo, a capital da Noruega. Além disso, Nikolaus ampliou os planos para que incluíssem uma invasão à Dinamarca, o que asseguraria as vias de comunicação entre a Alemanha e a Noruega. 

Os planos da Alemanha para ocupar a Noruega e a Dinamarca aproximavam-se ainda mais da conclusão, em 1º de março. No dia 4 desse mês, as forças soviéticas lançaram uma ofensiva maciça contra a cidade finlandesa de Viipuri. No dia 5 de março, o governo soviético anunciou que estava "mais uma vez" pronto para negociar a paz com a Finlândia. Sem condições de reagir, o governo finlandês aceitou a "oferta". 

Enquanto isso, os preparativos alemães para a invasão à Noruega prosseguiam e a atividade da força aérea britânica permanecia restrita ao lançamento de panfletos sobre as zonas ocupadas pelos alemães. 

O subsecretário de Estado do presidente Roosevelt, Summer Welles, buscava uma fórmula para conter a guerra antes que esta adquirisse maiores proporções. Os britânicos, contudo, recusavam-se a confiar em Hitler. 

A Finlândia pagou um preço alto pela paz, por exemplo, cedendo à Rússia grandes extensões de território ao longo da costa do Báltico e ao norte. Mais de 27 mil militares finlandeses morreram, contra pelo menos 58 mil russos. Apesar das perdas, as tropas soviéticas deram mostras de perícia, tenacidade e coragem. 

Na Alemanha, um pequeno grupo de diplomatas, eclesiásticos e militares procurava um meio de evitar a guerra aberta com a Grã-Bretanha. As conversas, todavia, foram infrutíferas. Entre os aliados, Paul Reynaud, novo primeiro-ministro francês, e Neville Chamberlain, seu equivalente britânico, concordaram em tomar medidas ativas contra o III Reich. Por exemplo, todas as medidas seriam tomadas para evitar que a Alemanha se abastecesse de minérios de ferro na Suécia e, além disso, as jazidas petrolíferas soviéticas de Baku, no Cáucaso, seriam atacadas para privar a Alemanha desse fornecimento. 

Enquanto isso, desde setembro de 1939, a guerra no mar transcorria com sérias perdas para a marinha mercante aliada. O plano britânico acabou se limitando a uma operação de lançamento de minas ao longo da costa norueguesa. 

No dia 5 de abril, cinco mil oficiais poloneses foram exterminados pelo exército soviético em Katyn. No dia 9 desse mês, a Dinamarca tornava-se a segunda conquista militar de Hitler. A Noruega também cairia sob o jugo nazistas. Na guerra  dos serviços secretos, a Alemanha, e não a Grã-Bretanha, saiu vencendo na Noruega. 

Na Polônia, torturas e mortes prosseguiam sem parar. Há indícios, no etanto, de que a população alemã não estivesse entusiasmada com a brutalidade da guerra. No fim de abril, o diretor de polícia de Berlim, o conde Wolf Heinrich von Helldorf, relatou ao cel. Oster que apenas entre 35 e 40% de seus compatriotas apoiavam a guerra. 

Enquanto as tropas alemãs se preparavam para iniciar as hostilidades no Ocidente, um contratorpedeiro polonês, o Grom, foi partido em dois após ser atacado por bombas alemãs. 

Na manhã de 9 de maio, Hitler estabeleceu para o dia seguinte o início de sua ofensiva ocidental. Na véspera desse dia que marcou a mais ambiciosa, ousada e arriscada ofensiva do Reich, os comandantes-chefes de Hitler estudaram uma grande quantidade de valiosos dados extraídos em parte de documentos britânicos capturados na Noruega pelos serviços secretos alemães.     

Bibliografia consultada: GILBERT, Martin. A Segunda Guerra Mundial - os 2174 dias que mudaram o mundo. Tradução de Ana Luísa Faria e Miguel Serras Pereira. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2014, p. 62-83.

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