“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Hélade x Primeiro Império Persa

segunda-feira, 12 de março de 2018

Representação da Batalha de Salamina (480 a.C.).

Enquanto a lealdade política dos medos e persas se centralizava no imperador Aquemênida, a lealdade política dos gregos centralizava-se em abstrações deificadas, as cidades-estado soberanas. Essas duas civilizações possuíam culturas bem distintas, e quando se cruzaram, no século VI a.C., o choque foi inevitável. 

Por volta de 546 a.C., quando as cidades-estado greco-asiáticas foram, pela primeira vez, subjugadas pela Pérsia, todas elas, à exceção de Mileto, já haviam sido dominadas pela Lídia. Esta, por sua vez, havia sido anexada pela Pérsia. O domínio lídio parecera mais palatável aos gregos, uma vez que eles haviam adquirido uma "tintura" de civilização helênica. Os persas, em contrapartida, sob a ótica dos gregos, eram forasteiros exóticos. 

A resistência em relação aos dominadores orientais resultou na revolta greco-asiática, combatida pelos persas entre 499-494 a.C. Os revoltosos súditos greco-asiáticos então contaram com o apoio de Atenas e da Eritréia. Tudo isso ensinou aos persas que eles não haviam assegurado ainda a hegemonia da fronteira noroeste. O mar Egeu era um lago grego, e os persas deveriam conquistar também a margem ocidental, o que comprometeria anexar o restante do Mundo Helênico.

Ao longo do período de confrontação greco-pérsica (499-330 a.C.) apenas em dois momentos um certo número de estados gregos formaram uma frente comum contra o Império Persa. Na primeira dessas ocasiões, entre 480-479 a.C., os gregos repeliram uma poderosa invasão persa da Grécia europeia. Na segunda ocasião, eles próprios invadiram e conquistaram o Império Persa.  

Antes mesmo de 499 a.C., quando eclodiu a revolta acima mencionada, Dario I havia estabelecido uma cabeça-de-ponte europeia, localizada entre o curso inferior do rio Danúbio e o Monte Olimpo. Em 490 a.C., ele enviou por mar, às cidades de Eritreia e Atenas, uma força expedicionária punitiva. Os eritreus foram vencidos e deportados, mas os atenienses conseguiram rechaçar os persas. Em 480-479 a.C., o filho e sucessor de Dario, Xerxes, invadiu por terra a Grécia europeia, ocupando a Ática e saqueando Atenas. A população ateniense, no entanto, foi evacuada e a armada dos estados gregos beligerantes permaneceu intacta.    

O ano de 480 a.C. marcou uma dupla vitória para os gregos. No Ocidente, uma minoria de colônias gregas momentaneamente unidas derrotaram o Império Cartaginês. No Mediterrâneo oriental, os gregos obtiveram uma decisiva vitória sobre a armada persa em Salamina. Em 479 a.C., outra decisiva vitória grega foi obtida em terra, em Platéia (Beócia), a qual se seguiu uma segunda vitória naval grega nas proximidades de Mícale, na costa ocidental da Ásia Menor. Os gregos asiáticos revoltaram-se então mais uma vez, e o Império Persa perdeu também suas possessões na Europa, inclusive o reino da Macedônia. Em 449 a.C., Atenas e o Império Persa finalmente fizeram a paz - a primeira em arrebatar o Chipre e o Egito ao Império Persa, e este fracassara em reconquistar a Grécia continental asiática. 

Tão logo o perigo imediato representado pela Pérsia e por Cartago, os gregos voltaram à sua desunião. A divisão política da Grécia representava um grande perigo, sobretudo porque o Mundo Helênico havia se tornado uma unidade econômica desde o século VII a.C. Nesse sentido, ao final da desgastante Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.), o Império Ateniense, formado a partir da Confederação de Delos em 478 a.C., foi aniquilado. 

Em 386 a.C., aproveitando-se do enfraquecimento da Hélade e em concluio com Esparta, a Pérsia restabeleceu sua soberania sobre os estados gregos da Ásia continental. O próprio Império Espartano, no entanto, que substituiu o Império Ateniense em 404 a.C., foi destruído em 371 a.C. Estava aberto o caminho para que Filipe II (359-336 a.C.), da Macedônia, conquistasse a Grécia.          

Bibliografia consultada: TOYNBEE, Arnold. A Humanidade e a Mãe-Terra - Uma História Narrativa do Mundo. Tradução de Helena Maria C. M. Pereira e Alzira S. da Rocha. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987, p. 246-250.

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