“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

As Origens Pagãs do Natal

domingo, 25 de dezembro de 2016

O sincretismo entre Cristo e o deus Sol (Hélio) é claro em representações cristãs como nesse mosaico do séc. III. Abóbada do Mausoléu dos Júlios, Necrópole Vaticana, próximo ao túmulo de Pedro.

A palavra Natal vem do latim nativitas ("nascimento") porque no dia 25 de dezembro se celebrava a festa do nascimento do deus Sol Invicto, coincidindo com o solstício de inverno. Acreditava-se no renascimento do Sol após o solstício. A gradual defasagem no calendário e a passagem dos séculos fez com que, na atualidade, o solstício fosse antecipado para o dia 21 de dezembro.  

Durante a República, o Sol era um deus menor. No ano 10 a.C., Augusto mandou colocar um grande obelisco em honra ao Sol no Circo Máximo - atualmente ele está localizado na Piazza del Popolo -, evidenciando a importância que essa divindade começava a ter. Assim, na Roma imperial se celebrava a 25 de dezembro a festa do nascimento do Sol Invicto. Esse epíteto - "Invicto" - foi dado ao Sol no século II, pelo fato de esse astro ser imortal, uma vez que um dia após o outro enfrenta a morte para renascer no dia seguinte, espalhando assim sua luz ao mundo. Embora o imperador Aureliano tenha oficializado de forma definitiva o culto a esse deus em 274, seu culto possuía escassa importância no império, até que se assimilaram a ele outros deuses, como Elagabalus, Átis, Apolo ou Mitra. 

Foi dessa forma que o Sol Invicto se converteu no deus principal do Panteão romano e, posteriormente, no deus único (os demais deuses eram partes dele). No ano 350, o papa Júlio I estabeleceu o nascimento de Cristo no dia 25 de dezembro, mostrando que Jesus seria o verdadeiro Sol Invicto. Coincidentemente, nessa mesma data se celebrava o nascimento do deus persa Mitra, muito popular entre os soldados romanos. 

Os adoradores do Sol também tinham uma festividade semanal: o dies solis (o "dia do Sol", o mesmo significado da palavra inglesa sunday). Coube a um conhecido adorador do deus Sol, o imperador Constantino, emitir um decreto dominical em 321. Constantino também presidiria o Concílio de Niceia em 325, quando ficou estabelecido oficialmente o dies solis como o dia de descanso dos cristãos. 

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