“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Uma Palavra aos Professores

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Moça lendo em Itu. Óleo sobre tela de José Ferraz de Almeida Júnior (1850-1889).

Meses atrás, tive a oportunidade de participar de um seminário de educação que teve o Dr. Leandro Karnal como o principal palestrante. Esse historiador e professor na Unicamp tem se destacado recentemente como escritor, colunista, comentarista e palestrante.

A palestra teve um título prolixo e ambicioso: Conhecimento, trabalho, e tempo no mundo contemporâneo. Logo no início da palestra, Karnal citou o Pe. Antônio Vieira, para o qual o professor é um semeador. Nessa linha, Rubem Alves declarou: "Eu vivo para semear algo que eu não vejo crescer." O professor é um plantador de carvalhos, e não de bambus. O bem ou mal que faz em sala de aula quase sempre não tem resultados imediatos, e isso deveria nos levar a uma séria reflexão.

O professor, que deve ser um indivíduo psicologicamente estável, precisa aprender com os próprios erros. Karnal declarou então algo que todo professor com um mínimo de experiência deveria admitir: "Hoje eu dou aulas melhores porque já dei aulas piores." Assim, a humildade é fundamental. Segundo a noção judaica, o professor é um estudante que nunca sai da escola.

É normal que os professores se revoltem contra a triste realidade do nosso país. A situação pode parecer desanimadora, mas nós temos uma grande ferramenta de mudança: "Se você tem ódio da corrupção, ensine - é a maior arma do professor" (Leandro Karnal). Contudo, ao ensinar, é fundamental ter foco, evitando o excesso de dados (no passado, a obtenção de dados era imprescindível; atualmente, importa mais a filtragem de dados válidos). 

A mudança é universal e eu não posso detê-la. Mudar é difícil, mas não mudar é fatal. Se o professor (ou qualquer outro profissional) não está aumentando, ele está diminuindo. O esforço para direcionar a mudança é o mais importante, e deve ser permanente.

Para quem trabalha com o espírito (como o professor), prazer e trabalho não se separam. "O magistério é uma vocação muito específica. O professor é um cruzamento entre um humanista e um especialista" (Karnal). Por isso, todos que se dedicam a ensinar deveriam ser ver no quadro de José Ferraz (acima), apresentado pelo Leandro Karnal em sua palestra. Segundo Francis Bacon, o conhecimento (que é a capacidade de assimilar, analisar e julgar) é poder.

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