“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

O Martírio de Policarpo de Esmirna - I

sábado, 19 de agosto de 2017

"Policarpo, não somente foi discípulo dos apóstolos e conviveu com muitos dos que haviam visto o Senhor, mas ainda foi estabelecido pelos apóstolos bispo da Igreja de Esmirna, na Ásia. Nós o vimos na infância. 

Ele viveu longamente e atingiu idade avançada, morrendo num glorioso e brilhante martírio. Sempre ensinou o que aprendera dos apóstolos, o que a Igreja transmite, somente a verdade. 

Tendo Antonino, o Pio, completado o vigésimo segundo ano de reinado, Marco Aurélio Vero, também denominado Antonino, seu filho, sucedeu-lhe com Lúcio, seu irmão. Foi então, quando grandes perseguições agitavam a Ásia, que Policarpo morreu mártir. Julgo absolutamente necessário inserir aqui, nessa história, para memória dos pósteros, a descrição de seu fim, ainda conservada por escrito. 

Conta-se ter se destacado sobretudo Germânico [na perseguição em Esmirna] (...). O procônsul tentou persuadi-lo, aludindo à sua idade, e implorando, visto ser ainda muito jovem e na flor da idade; portanto, tivesse piedade de si mesmo. Ele não hesitou. Corajosamente atiçou o animal feroz, de certa forma o atacou e excitou, a fim de que mais depressa o tirasse desta vida injusta e iníqua. A multidão inteira, admirada diante desta morte notável, e vendo a atitude valente do piedoso mártir e a virtude de todo o gênero dos cristãos, pôs-se a gritar com voz unânime: 'Abaixo os ateus! Traga-se Policarpo.' 

Policarpo, porém, tão admirável, ao ter as primeiras notícias desses acontecimentos, permaneceu calmo, conservou-se tranquilo e imperturbável e até queria permanecer na cidade. Atendeu, no entanto, às súplicas e exortações dos companheiros para que fugisse; então retirou-se com alguns a uma propriedade rural não muito distante da cidade. Noite e dia não fazia outra coisa senão perseverar em preces ao Senhor. Não cessava de pedir, de suplicar a paz para as Igrejas de todo o mundo. Com efeito, tal foi sempre seu costume."

EUSÉBIO DE CESAREIA. História Eclesiástica. Tradução das Monjas Beneditinas do Mosteiro de Maria Mãe de Cristo. São Paulo: Paulus, 2000, Livro Quarto, 14.1,2 e 10; 15.1, 5, 6, 9.

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