“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

O Melancólico Século XV

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Joana D'Arc queimando na estaca. Jules Eugène Lenepveu pintou essa obra entre 1886 e 1890. A famosa heroína francesa foi condenada pela Inquisição e executada na fogueira em 1431. 

"No fins da Idade Média pesava na alma do povo uma tenebrosa melancolia. Quer se leia uma crônica, um poema, um sermão ou até um documento legal, a mesma impressão de tristeza nos é transmitida por todos eles. Dir-se-ia que todo este período foi particularmente infeliz, como se tivesse deixado apenas memória de violências, de cobiça, de ódio mortal e não tivesse conhecido outras satisfações que não fossem as da intemperança, do orgulho e da crueldade. 

A verdade é que nos documentos de todas as épocas o infortúnio deixa mais vestígios do que a felicidade. os grandes males constituem os fundamentos da História. Somos talvez inclinados a concluir sem grande evidência que, de maneira geral e apesar de todas as calamidades, o total de felicidade pouco terá mudado de época para época. Mas no século XV, assim como durante o romantismo era, por assim dizer, de mau gosto elogiar francamente o mundo e a vida. Estava em modo ver apenas o sofrimento e a miséria, descobrir em tudo sinais de decadência e da aproximação do fim - em suma, condenar os tempos ou ter por eles desprezo." 

HUIZINGA, Johan. O Declínio da Idade Média. 2ª edição. Tradução de Augusto Abelaira. Lousã, Coimbra: Ulisseia, s/d, p. 31. 

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