quarta-feira, 29 de novembro de 2017
"O princípio básico da nova educação é que os alunos lentos e vagabundos não devem sentir-se inferiores aos alunos inteligentes e esforçados. Isso seria 'antidemocrático'. Essas diferenças entre os alunos - porque elas são, muito obviamente, diferenças individuais - precisam ser disfarçadas. Isso pode ser feito em vários níveis. Nas universidades, as provas devem ser elaboradas de tal forma que quase todos os alunos consigam boas notas. Os vestibulares devem ser feitos para que todos ou quase todos os cidadãos possam entrar nas universidades, quer tenham a capacidade (ou o desejo) de se beneficiarem com uma educação superior, quer não. Nas escolas, as crianças que forem lentas ou preguiçosas demais para aprender línguas, matemática e ciências podem ser levadas a fazer aquilo que as crianças costumavam fazer em seu tempo livre. É possível deixá-las, por exemplo, fazer bonequinhos de argila e dar a isso o nome de Educação Artística. Mas durante todo esse tempo jamais deve haver nenhuma menção ao fato de que elas são inferiores às crianças que estão efetivamente estudando. Qualquer bobagem em que estiverem envolvidas deve ter - acho que os ingleses já estão usando essa expressão - 'igualdade de valor'. E é possível conceber um esquema ainda mais drástico. As crianças que estiverem aptas a ser mantidas na classe anterior usando métodos artificiais, com a justificativa de que as outras poderiam ter algum tipo de trauma - por Belzebu, que palavra útil! - caso ficassem para trás. Assim, o aluno mais inteligente permanece democraticamente acorrentado a seus colegas da mesma idade em toda a sua carreira escolar, e um menino capaz de compreender Ésquilo ou Dante é obrigado a ficar sentado ouvindo seus coevos tentando soletrar 'O VOVÔ VIU A UVA!'."LEWIS, C. S. Cartas de um diabo a seu aprendiz. Tradução de Juliana Lemos. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009, p. 195-196.
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