“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

O Século de Ouro de São Luís

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Sagração de Luís IX como rei da França na Catedral de Reims. Iluminura do século XIII.

Quando o rei Luís VIII da França morreu, seu filho e herdeiro só possuía 13 anos. A partir daí, por dois anos ele foi tutelado por sua mãe, até que foi coroado como Luís IX, em 1226. Seu governo durou até sua morte, em 1270, e destacou-se tanto que o século XIII foi chamado de "o século de ouro de São Luís". 

O rei casou-se muito jovem e teve onze filhos. Foi um notável legislador: durante seu reinado desenvolveu-se uma abundante legislação. Foi também muito religioso, e a partir de seu reinado houve um reconhecimento definitivo das virtudes taumatúrgicas dos reis da França. A virtude reconhecida desses reis, contudo, era muito limitada. Ela dizia respeito a somente uma doença, as escrófulas (ou adenite tuberculosa) e se produzia apenas em certos dias, em certos lugares, e era conferida pela sagração (e não pelo nascimento ou dinasticamente). 

Além de governar, legislar e curar escrofulosos, Luís IX lançou-se a uma aventura fora das fronteiras da França. Em 1248, ele liderou a Sétima Cruzada. Essa expedição reuniu mais de 30 mil soldados e quase 100 navios. Ao chegar ao Egito, os homens foram surpreendidos por uma peste e pelo transbordamento do rio Nilo. Muitos homens morreram, e outros fugiram. Luís IX e alguns nobres foram capturados pelos muçulmanos. Após longa negociação e o pagamento de um resgate, foram libertados. O monarca retornou à França em 1253, com o falecimento de sua mãe. 

Anos mais tarde, o rei organizou a Oitava Cruzada contra os muçulmanos. Contudo, morreu vítima de peste em 1270, quando chegou à Tunísia, na África. Seu corpo foi levado para a abadia de Saint-Denis, na França, onde foi sepultado. 

Na Alta Idade Média, no início da evolução da ideia de santidade real, o personagem do rei sofredor era predominante. Por volta do ano 1000, a santidade era concedida ao rei que convertia o povo: tal foi o caso dos reis escandinavos e de Santo estevão da Hungria. O rei, enfim, quase a exemplo de outros santos, passava a ser reconhecido como santo em função tanto de suas virtudes pessoais como por seus milagres, e em decorrência de um processo de canonização. Apenas Luís IX (São Luís) se beneficiou dessa evolução, em 1297. 

Bibliografia consultada: LE GOFF, Jacques. Rei. In: LE GOFF, Jacques & SCHMITT, Jean-Claude. Dicionário Temático do Ocidente Medieval - vol. II. Coordenador de tradução - Hilário Franco Júnior. Bauru, SP: Edusc, 2006, p. 403.

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