sexta-feira, 10 de novembro de 2017
Há exatamente oito décadas, Getúlio Vargas iniciava, mediante um golpe, a ditadura do Estado Novo (1937-1945). Assim, é importante refletir brevemente sobre o contexto desse golpe.
A Constituição de 1934 previa eleições para janeiro de 1938. Em fins de 1936 e nos primeiros meses de 1937 já haviam se definido os candidatos para a disputa: Armando de Salles Oliveira (Partido Constitucionalista), José Américo de Almeida (o candidato oficial, apoiado por Vargas) e Plínio Salgado (Ação Integralista Brasileira). Embora a disputa política tivesse promovido um afrouxamento das medidas repressivas (que incluiu a libertação de cerca de 300 pessoas em junho de 1937), ao longo de 1937 o governo interveio em alguns Estados e no Distrito Federal. Na capital federal, o prefeito Pedro Ernesto foi destituído após ser acusado de estar associado à extinta ANL. No Exército, vários oficiais legalistas foram afastados dos comandos militares.
O grande pretexto para reacender o clima golpista, contudo, foi um tal Plano Cohen. Seria, supostamente, um plano de insurreição comunista que passou das mãos dos integralistas à cúpula do Exército. Em 30 de setembro, era parcialmente publicado nos jornais e transmitido pela "Hora do Brasil" (sobre esse programa de rádio, veja a charge acima). Os efeitos da divulgação do Plano Cohen foram rápidos, e o golpe previsto por Getúlio e a cúpula militar para o dia 15 de novembro foi antecipado para o dia 10 desse mês.
O Estado Novo foi implantado de forma autoritária e concentrou mais poderes do que qualquer outro regime até então conhecido na história do Brasil independente. O Congresso, dissolvido, submeteu-se. Os Estados passaram a ser governados por interventores e uma nova Carta constitucional, a de 1937, foi imposta ao país. Era o início de um dos períodos mais repressivos da história do Brasil que, até hoje, não foi devidamente investigado e revelado.
Bibliografia consultada: FAUSTO, Boris. História do Brasil. Colaboração de Sérgio Fausto. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2013, p. 309-3015.
Sobre o significado desse golpe, ouça a reportagem da CBN.
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