segunda-feira, 28 de maio de 2018
Akhenaton em forma de esfinge adorando a Aton.
Localização: Kestner Museum, Hanover, Alemanha.
O disco solar atoniano, visto essencialmente como uma fonte de luz, de calor e de vida, foi a dura resposta encontrada por Akhenaton, ao mesmo tempo que encerrava o grande templo de Karnak e o privava dos rendimentos que até então recebia. Integrado na sua política contra o clero de Amon, promoveu alterações na arte e mesmo na forma de utilização da escrita hieroglífica, passando a registrar-se por escrito o neoegípcio que então se falava. E foi nesta forma de linguagem que o próprio monarca "herético" redigiu o Hino a Aton. Nele se pode ler:
"Tu, deus único, fora do qual não há nenhum!"
Akhenaton mudou a capital egípcia de Tebas-Uaset para Akhetaton, edificada em pouco tempo num território virgem na margem direita do Nilo (atual Amarna). Assim que procedeu a essa mudança, ele logo pensou os espaços de culto para a sua divindade "única" Aton, a começar pelo grande templo dedicado ao deus solar - o Per-Aton-em-Akhetaton (a "casa de Aton em Akhetaton"). O templo mantêm a axialidade clássica no essencial, mas contou com inovações como a ausência de tetos devido ao culto do disco solar (Aton), e nele foi instalado um grande altar com escadaria de acesso.
É importante destacar, no entanto, que o mesmo tipo de inovações "monoteístas" se aplicava a outras divindades, a começar por Amon, pelo que Aton era tão "único" como "único" era Amon, Rá, e todos os outros deuses "únicos" que também era criadores. A criação prodigalizada por Aton era cotidiana, marcada pelo ciclo do "nascer" e do pôr do sol. No entanto, com o desaparecimento do rei e da sua esposa Nefertiti, o culto de Amon regressou em força e o seu clero readquiriu a sua pujança anterior.
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