“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

A Queda de Judá (586 a.C.)

terça-feira, 1 de maio de 2018

No ano 931 a.C., o Cisma levou os hebreus a se dividirem em dois reinos: Israel, as dez tribos do norte, com capital em Samaria; e Judá, com a capital em Jerusalém, ao Sul. Sob a liderança de Sargão II, os assírios tomaram Samaria e destruíram Israel em 721 a.C. Mais tarde, em 701 a.C., outro rei assírio, Senaqueribe, conquistou 46 cidades de Judá e a Fenícia (com exceção de Tiro). Apesar disso, Judá nunca tornou-se província assíria; limitou-se a pagar tributos e a prestar homenagem, conservando um governo nominal. Apesar de tantas conquistas, no século VII a.C. o Império Assírio entraria em declínio.

Aproveitando-se desse enfraquecimento, entre 626 e 612 a.C. (época em que o profeta bíblico Daniel nasceu), Nabopolassar, rei de Babilônia, esmagou o que restava do Império Assírio e fundou o Império Neobabilônico (também chamado de Segundo Império Babilônico). Sob Nabucodonosor II, seu filho, a Babilônia chegou à sua era dourada. 

Mesmo em seu apogeu, a nova Babilônia não chegou a controlar todo o território que anteriormente fora dominado pela Assíria. Os medos, por exemplo, foram aliados dos babilônicos em sua revolta contra a Assíria e insistiram em manter-se independentes. Assim, nos dias de Daniel, quatro nações principais dominavam o Oriente Médio: Egito (que, durante a infância do profeta, ainda representava uma força digna de menção), Lídia, Média e Babilônia (ver o mapa acima). Durante o longo reinado de Nabucodonosor II (604-562 a.C.), a Babilônia foi a força dominante inquestionável. Após sua morte, a Média assumiu a dianteira; a partir do momento em que a Média se uniu à Pérsia, surgiu o Império Medo-Persa. Este anexou a Babilônia, o Egito e a Lídia. 

O reino de Judá, terra natal de Daniel, reiteradas vezes buscou firmar alianças com o Egito, de forma a resistir à ameaça babilônica. Nabucodonosor obteve, pela primeira vez, o controle sobre Jerusalém, em 605 a.C. Nessa ocasião, ele confiscou uma boa parte dos utensílios preciosos do Templo erguido por Salomão, e também levou consigo, como prisioneiros, uma selecionada leva de jovens judeus (dentre eles, Daniel e seus amigos). Antes de partir, uma das principais providências de Nabucodonosor foi impor a Jeoaquim, o rei judaico, a obrigação de romper sua aliança com os egípcios e a assinar um novo contrato com a Babilônia. No entanto, não muito após a partida de Nabucodonosor, Jeoaquim restabeleceu suas relações com o Egito. 

Em 597 a.C., Nabucodonosor II fez nova incursão em Judá. O rei Joaquim desistiu da rebelião e se rendeu ao invasor que, apesar disso, confiscou grande quantidade de utensílios do Templo e também escravizou 10 mil pessoas (dentre elas, o profeta Ezequiel). Mais tarde, a fim de enfrentar uma séria revolta liderada pelo rei judaico Zedequias, Nabucodonosor II retornou a Jerusalém e, em 586 a.C., após um prolongado cerco, ele arrasou a "Cidade de Davi". O Templo foi completamente destruído e a maior parte dos habitantes que restavam em Judá foram levados cativos. Permaneceram no país apenas "os mais pobres da terra" (II Reis 25:12). 

Bibliografia consultada: MAXWELL, C. Mervyn. Uma Nova Era Segundo as Profecias de Daniel. Tradução de Hélio Luiz Grelmann. Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2006, p. 12-14.   

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