“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

A Guerra dos Seis Dias (1967)

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Território controlado pelos israelenses, antes e depois da Guerra dos Seis Dias.

Entre o fim da Guerra de Suez (1956) e a Guerra dos Seis Dias (1967), escaramuças e uma beligerância total marcaram as relações entre Israel e os Estados árabes. Na Conferência do Cairo de 1964, a Liga Árabe declarou pela primeira vez que seu objetivo era destruir o Estado de Israel. Criou-se também a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que tinha um braço militar, o Exército de Libertação da Plestina. A organização guerrilheira palestina Al Fatah, existente desde 1958, incorporou-se à OLP, ainda que agisse de forma independente. 

Dentre os países árabes, apenas a Síria, governada desde 1961 por um regime nacionalista e pró-soviético, dava cobertura às ações da Fatah. Em abril de 1967, Israel abateu seis MIGs-21 nos céus de Damasco, num incidente que teve início numa zona desmilitarizada perto do lago Kinneret, mar da Galileia. 

Apesar da pressão dos sírios e dos jordanianos (que haviam assinado pactos de ajuda militar mútua em caso de guerra), o presidente egípcio, Gamal Abdel Nasser, não planejava a guerra contra Israel. Ele pretendia antes preservar sua liderança no mundo árabe. Nesse sentido, ele despachou grande quantidade de tropas para o deserto do Sinai e exigiu a retirada da Força de Emergência da ONU, que policiava o local desde o fim da guerra de 1956. Mais grave, bloqueou a navegação israelense no estreito de Tiran, no Golfo de Ácaba, ao enviar para lá barcos armados

Em 5 de junho de 1967, após receber o consentimento do governo estadunidense, o governo de Levi Eskhol desencadeou uma blitzkrieg contra o Egito. Naquela manhã, aviões da Força Aérea Israelense (FAI) destruíram no solo 309 dos 340 aviões de combate egípcios. Em resposta a ataques dentro de Israel, no primeiro dia de combate a FAI também destroçou quase a totalidade das forças aéreas dos sírios e dos jordanianos. No dia seguinte, as forças israelenses cruzaram a fronteira do Sinai. 

Em 7 de junho, paraquedistas israelenses conquistaram a cidade velha de Jerusalém, até então sob controle jordaniano. Ao sul, outros paraquedistas israelenses saltaram em Sharm el-Sheikh, acima do estreito de Tiran, e encontraram a fortaleza egípcia abandonada. Em 8 de junho, chegaram a Rumani, perto do canal de Suez. 

Não houve um plano prévio de captura da Cisjordânia ou das colinas de Golã (até então da Síria). De qualquer modo, a guerra se desenrolou, nas palavras do então chefe do Estado-Maior, Yitzhak Rabin, "como uma consequência de sua própria lógica interna". Assim, ao final da guerra relâmpago, Israel ocupava a Cisjordânia, Gaza, Jerusalém oriental, as colinas de Golã e a Península do Sinai. Morreram 980 soldados israelenses e 4.300 árabes. 

A Guerra dos Seis Dias foi um conflito que nenhuma das partes desejava e, por incrível que pareça, careceu de planejamento político e estratégico por parte de Israel. No dia 19 de junho, o gabinete israelense decidiu propor um acordo de paz com o Egito e a Síria, retirando suas tropas das áreas ocupadas desde que fossem garantidas a liberdade de navegação no estreito de Tiran e no canal de Suez; a desmilitarização do Sinai e das colinas de Golã e a não interferência no escoamento de água das nascentes do rio Jordão. A resposta da conferência de cúpula árabe, ocorrida em 28 de agosto em Cartum, no Sudão, foram os "três nãos": não ao reconhecimento de Israel; não à negociação e não à paz. Consequentemente, Israel fechou-se atrás das linhas conquistadas na guerra do deserto.  

Bibliografia consultada: CAMARGO, Cláudio. Guerras Árabe-Israelenses. In: MAGNOLI, Demétrio (org.). História das Guerras. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2006, p. 438-442.

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