“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

O Ressurgimento da Eugenia

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

A logomarca do programa da eugenia. Saiba aqui como o movimento para criar seres humanos "melhores" nos Estados Unidos influenciou Hilter.

A questão do aborto seletivo (para obter o filho homem) que atormenta a China e a Índia, criou grandes perplexidades entre as feministas, reforçando a dúvida sobre uma palavra de ordem que até há pouco parecia intocável, e que ainda o é para os organismos internacionais: a liberdade de escolha das mulheres.

Partir, por exemplo, da convicção de que as mulheres são sempre capazes de escolher "justa" e responsavelmente aparece como um wishful thinking (pensamento ilusório) mais que como uma realidade. Na prática, as mulheres ficam sozinhas, com sua tremenda carga de responsabilidade, frente ao desejo individual, às pressões culturais, à exigência do mercado e às opções oferecidas pela ciência médica. Além disso, as tecnologias reprodutivas se encaminham cada vez mais para a seleção das características genéticas, voltando a trazer o velho fantasma da eugenia. A mesma pré-seleção do sexo é uma forma fraca de eugenia, o mesmo que, no caso da procriação assistida, tende a sê-lo o diagnóstico de pré-implantação.

Assim, aumenta o temor de que, sobretudo nos países em desenvolvimento, o controle do crescimento da população se transforme no controle da "qualidade da população". O fantasma da eugenia, que parecia definitivamente, volta dissimuladamente pelo progressivo deslocamento das fronteiras biomédicas e pela afirmação da "livre escolha". Se no Ocidente a eugenia se disfarça de opção individual feminina, nos países pobres os perigos da manipulação sobre o corpo individual e social, da parte dos governos e dos poderes fortes, são enormes, sobretudo pela fragilidade ou ausência da opinião pública e de um sistema político democrático que funcione como contrapeso.     

Adaptado de ROCCELLA, Eugenia; SCARAFFIA, LucettaContra o Cristianismo: a ONU e a União Européia como nova ideologia. Tradução de Rudy Albino de Assunção. Campinas, SP: Ecclesiae, 2014, p. 160-161.

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