domingo, 8 de dezembro de 2019
Vou lhes contar quais são os efeitos em nossas crianças quando tiramos todo o seu tempo e as forçamos a usá-lo com abstrações. Qualquer reforma que não ataque estas patologias específicas não será nada além de fachada.1. As crianças para quem leciono são indiferentes ao mundo adulto. Ninguém quer que as crianças cresçam nos dias de hoje, muito menos as próprias crianças - e como culpá-las? Isso contraria a experiência de milhares de anos.
2. As crianças para quem leciono não têm quase nenhuma curiosidade, e o pouco que têm é passageiro. Não conseguem se concentrar por muito tempo, mesmo nas coisas que escolhem fazer.
3. Além disso, elas têm uma noção precária do futuro, de como o amanhã é inextricavelmente ligado ao hoje. Elas vivem em um constante presente: o exato momento em que estão é o limite de suas consciências.
4. Essas crianças são também a-históricas: não têm nenhuma compreensão de como o passado determina seu próprio presente, limita suas escolhas e molda seus valores e suas vidas.
5. As crianças para quem leciono são cruéis umas com as outras, não têm compaixão pela desgraça, riem da fraqueza, desprezam as pessoas cuja necessidade de ajuda é muito aparente.
6. As crianças para quem leciono se sentem desconfortáveis com a intimidade ou a sinceridade. Não são capazes de lidar com a intimidade genuína porque, desde que nasceram, mantêm o hábito de preservar um eu interior dentro de uma personalidade exterior forjada com fragmentos de comportamentos copiados da televisão ou adquiridos para manipular professores. Por não serem quem demonstram ser, o disfarce se dissipa diante da intimidade, portanto, relacionamentos íntimos devem ser evitados.
7. As crianças para quem leciono são materialistas, a exemplo dos professores que "avaliam tudo" de modo materialista e dos ícones da televisão e influenciadores digitais.
8. Por fim, tais crianças são dependentes, passivas e tímidas diante de novos desafios. Essa timidez é frequentemente mascarada por uma superfície de bravata, raiva ou agressividade, mas o que há, no fundo, é um vácuo desprovido de firmeza.
Adaptado de GATTO, John Taylor. Emburrecimento programado - o currículo oculto da escolarização obrigatória. Tradução de Leonardo Araujo. Campinas, SP: Kírion, 2019, p. 62-64.
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