“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Tons Seculares nos "Sermões em Tinta"

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Detalhe da obra Banquete na Casa de Levi (1573), de Paolo Veronese. Por introduzir alguns ébrios e um cão na cena da Última Ceia, Veronese respondeu a um longo interrogatório no qual foi acusado de sacrilégio.

"No Renascimento partia-se do princípio de que as artes gráficas deviam lidar com temas claros - de facto, tinham de 'contar' qualquer coisa, além de agradarem aos olhos e ao sentido de composição e de obedecerem às regras da perspectiva. Naturalmente, a mitologia clássica era muito apelativa, mas os temas cristãos não perderam terreno, especialmente depois da Contra-Reforma, que promoveu a decoração de novas igrejas e a renovação das antigas. A edificação religiosa e moral mudou-se, por assim dizer, das janelas e pórticos das igrejas para as suas paredes interiores, altares e tectos: os 'sermões em pedra' da Idade Média são agora 'sermões em tinta'. 

A Bíblia e a vida dos santos continuaram a fornecer figuras e cenas, mas estas secularizaram-se de variadas formas: a Virgem passou a assemelhar-se a uma jovem camponesa, o vestuário é contemporâneo e os cenários locais."  

BARZUN, Jacques. Da Alvorada à Decadência - 500 anos de vida cultural no Ocidente (de 1500 à actualidade). Tradução de António Pires Cabral e Rui Pires Cabral. Lisboa: Gradiva, 2003, p. 87. 

0 comentários:

Enviar um comentário