“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

A Seita dos Saduceus

sábado, 17 de novembro de 2018

Do grego Saddoukaioi, transliteração do heb. Tsaduqim, tanto do verbo tsadaq, "ser justo" ou de Zadoque, um sumo sacerdote do tempo de Davi (2 Sm 8:17; 15:24), de quem sumos sacerdotes posteriores afirmaram descender. Partido minoritário religioso-político da época do Novo Testamento (NT) que representava a ala rica, aristocrática, liberal do judaísmo e voltada para as questões seculares. 

Praticamente nada se sabe de sua origem ou de sua história primitiva - as fontes sobre eles são essencialmente os escritos do NT e de Josefo. Na época dos macabeus, Alexandre Janeu (103-76/75 a.C.), filho de João Hircano I, favoreceu os saduceus, mas se desentendeu com eles perto do fim de sua vida, e no leito de morte aconselhou sua esposa a favorecer os fariseus, sendo atendido por ela. Após sua morte, os saduceus apoiaram seu filho Aristóbulo II, apoiando sua reivindicação contra João Hircano II, seu irmão. Mais tarde, os saduceus se aliaram ao partido herodiano e colaboraram com os romanos. 

Os saduceus se preocupavam bastante com o destino da nação, razão pela qual se dispuseram a aceitar ofícios públicos. Desta forma, eles exerceram uma influência muito maior do que a reduzida quantidade de membros da seita em princípio poderia garantir. Sob o domínio dos romanos e dos herodianos, o direcionamento das questões políticas dos saduceus estava, em grande parte, nas mãos dos saduceus. 

Como uma seita religiosa, os saduceus se gloriavam por sua interpretação rigorosa da "Lei", os cinco livros de Moisés, que aceitavam como inspirados, e rejeitavam qualquer ensinamento que não lhes parecesse ter o explícito apoio da Lei. Sem dúvida, isso deve ter motivado a acusação de Cristo de que erravam não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus (Mt 22:29). Ao negarem a ressurreição, a vida eterna e o juízo futuro (Mt 22:23; At 23:8; Antiguidades, xviii.1.4; Guerra dos Judeus, ii.8.14), tornaram dominantes os interesses seculares e materiais. Para eles, Deus dava pouca atenção à humanidade e não tinha muito interesse em suas questões. Assim, para os saduceus, o ser humano era o juiz do próprio destino, e eles não acreditavam na existência de anjos ou de espíritos. 

João Batista censurou severamente os saduceus, bem como os fariseus (Mt 3:7). Eles se uniram aos fariseus quando exigiram de Cristo um sinal do céu (Mt 16:1-4). Jesus advertiu Seus discípulos contra ambos (v. 6-12). Após a ascensão, os saduceus se uniram aos sacerdotes para perseguir Pedro e João (At 4:1-3). Tanto fariseus como saduceus estavam presentes no julgamento de Paulo perante o Sinédrio, e o apóstolo, notando isso, suscitou um debate entre eles (At 23:6-10). Um sumo sacerdote saduceu era líder do Sinédrio que foi responsável pela morte de Tiago, irmão de Jesus, e de outros cristãos. 

Com a destruição do templo e o fim do estado judaico em 70 d.C., os saduceus desapareceram como partido.         

Adaptado de Dicionário Bíblico Adventista do Sétimo Dia. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2016, p. 1190-1191.

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