“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

A Medição da Temperatura Global

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

 

Balde utilizado durante a Segunda Guerra Mundial para medir a temperatura da superfície do mar. Clique na imagem para ampliá-la.

A realização de medidas referentes à temperatura global apresenta dificuldades inextricáveis. Para avaliar corretamente a temperatura média do planeta são necessárias diversas aferições, efetuadas diariamente sobre toda a superfície. As principais dificuldades encontradas nessa atividade aparentemente simples, segundo o próprio Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), são as seguintes:

1. Uma cobertura de espaço incompleta, que varia consideravelmente;

2. As modificações advindas dos diferentes horários e modos de aferição;

3. As alterações nos termômetros advindas de suas exposições;

4. Os deslocamentos das estações meteorológicas;

5. As modificações nos meios ambientes das estações, em especial o desenvolvimento urbano.

Para se ter uma ideia, citamos as grandes dificuldades de medição de temperatura da superfície do oceano. Os oceanos do Hemisfério Sul só são acessados em suas rotas marítimas. Suas temperaturas, que até pouco só eram aferidas por navios comerciais, são pouco conhecidas. Inicialmente, as medições eram realizadas com a ajuda de baldes destinados a extrair a água do mar. Diversos materiais foram utilizados em sua fabricação (madeira, metal, tecido e borracha). Isso certamente influenciou na aferição, gerando distorções. Posteriormente, a medição foi realizada nos tubos condutores de água do mar dos navios, o que introduzia um erro considerável. As variações de velocidade e altura dos navios - e, consequentemente, do vento aparente - são outra fonte de erros. As mudanças ocorridas no modo de aferição da temperatura da água, segundo as estimativas, já respondem por um erro da ordem de 0,3 a 0,7ºC. Algumas correções são aplicadas na tentativa de corrigir esses fatores, e elas se dão, frequentemente, por meio de decisões subjetivas que dão margem a todo tipo de contestação e manipulação.

Porém, o principal problema referente à medição da temperatura global é a influência da urbanização, que introduz um erro sistemático na alta. A contaminação dos dados pelas ilhas de calor urbanas é incontestável. Assim, em grande parte dos Estados Unidos, as aferições realizadas nas estações rurais revelam uma queda nas temperaturas entre 1920 e 1984. A influência das ilhas urbanas de calor sobre os dados, portanto, é considerável, e poderia falsear enormemente a medição do aumento da temperatura do planeta. O "aquecimento global" detectado pelo IPCC estaria entre 0,3 e 0,6ºC. Os números precedentes, comparáveis e por vezes até mesmo superiores, dão a entender que isso seria em grande parte ou totalmente devido ao aquecimento urbano.

Adaptado de BERNARDIN, Pascal. O Império Ecológico, ou A Subversão da Ecologia pelo Globalismo. Tradução de Diogo Chiuso e Felipe Lesage. Campinas, SP: Vide Editorial, 2015, p. 194-196. 

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