“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

O Freudianismo e a Educação - II

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

 


Parte I disponível AQUI.

O casal de lésbicas Ruth Benedict e Margaret Mead passaram a defender o jardim da infância como um espaço para se "corrigir muitos desvios adquiridos no contexto familiar", e a sala de aula seria o lugar da integração na "sociedade mundial". Essa era a perspectiva sociopolítica da equipe de Tavistock. Com apoio e dinheiro da Fundação Rockefeller, a clínica mudou seu estatuto para "instituto", em 1947.

Atualmente, o Instituto Tavistock promove pesquisas mercadológicas voltadas para atitudes e comportamentos. Trabalha para empresas multinacionais, órgãos governamentais, entidades hospitalares, etc. Estaria normalizando o uso de drogas e promovendo a permissividade sexual, estando, portanto, associado à decadência ocidental. Em síntese, participaria ativamente da engenharia cultural que impulsiona a degringolada moral da sociedade contemporânea.

Passar da psiquiatria individual para a psiquiatria social e daí para a psiquiatria escolar, foi só um passo... ensaiado, justamente, pela UNESCO em parceria com a linha tavistockiana entre 1945 e 1948.

Alguns integrantes da clínica e, posteriormente, Instituto Tavistock merecem ser mencionados. O primeiro, Ronald Hargreaves, atuou na Segunda Guerra Mundial como perito psiquiátrico do Exército Real britânico. Com sua larga experiência na análise de perfil psicológico, bem como avaliação psicológica coletiva, passou a integrar a equipe do Instituto Tavistock após a guerra.

John Rawling Rees, foi membro fundador da Clínica Tavistock, da qual se tornou diretor em 1933. Promoveu a transformação da clínica em instituto com a ajuda financeira da Fundação Rockefeller. Outros membros de destaque: Henry Victor Dicks, especialista em psicopatologia coletiva dos regimes autoritários; Wilfred Bion, considerado por muitos o maior psicanalista depois de Freud; Jock Sutherland, John Bowlby, Isabel Menzier Lyth, Kurt Lewin foram outros psicanalistas importantes do instituto.

Brock Chisholm, psiquiatra canadense, foi o arquiteto da Organização Mundial de Saúde (OMS). Ele compartilhava contatos com a equipe de Tavistock, e era ideologicamente próximo de John Dewey. Nesse sentido, dizia combater os tabus familiares e os preconceitos religiosos que deixariam a criança indefesa diante "da superstição e do ódio" e "dos caprichos paternos".

Em 1946, Chisholm reuniu-se com John R. Rees com o objetivo de empoderar a "psiquiatria social". Julian Huxley, diretor da UNESCO, partilhava do ideal de Chisholm. Em 1948, surgiu a Federação Mundial para a Saúde Mental (World Federation for Mental Health - WFMH), com Rees como presidente. A articulação da WFMH com a UNESCO e a OMS deixou-se rastrear seguindo os passos de Irina Zhukova, ministra da Educação da URSS, que atuava como mediadora entre as duas primeiras.

Uma vez estrategicamente implantados nos órgãos relevantes da ONU, os objetivos, as noções e os métodos tavistockianos de engenharia social estavam fadados a contaminar a arquitetura da organização por inteiro e infiltrar os espaços nacionais por gotejamento ideológico em questão de tempo. O tripé UNESCO/OMS/WFMH tornou-se o canal para conquistar as Nações Unidas. Além da Fundação Rockefeller, a Fundação Ford e, mais recentemente, a Fundação Bill&Melinda Gates e outras fundações, como as ligadas a George Soros, tornaram-se os agentes patrocinadores para a propagação nos Estados Membros da ONU.

Para finalizar, nada mais revelador do que as palavras de H. C. Rumke, que assumiu a presidência da WFMH em 1953:

"Toda criança ingressando na escola aos 5 anos é insana porque vem à escola [...] leal às crenças herdadas da família [...] acreditando num ser sobrenatural [...] e na soberania da nação como entidade separada [...]. Cabe ao professor curá-la e fazer dela a criança internacional do futuro."  

Adaptado de LAMBERT, Jean-Marie. Educação Unesco - a clonagem das mentes. Londrina, PR: E.D.A., 2020, p. 82-90.

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