“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Consequências da Guerra do Paraguai

terça-feira, 10 de julho de 2018

La paraguaya, c. 1879, óleo sobre tela de Juan Manuel Blanes (1830-1901). Localização: Museo Nacional de Artes Visuales de Uruguay.  

1. O custo humano da Guerra do Paraguai (1864-1870): entre os combatentes da Tríplice Aliança, 50 mil brasileiros morreram, dois terços como consequência de doenças e não de combates; 18 mil argentinos morreram ou foram feridos; 3120 uruguaios morreram. As perdas do Paraguai durante a guerra teriam sido, no máximo, de 58.857 pessoas (Vera Blinn Reber, 1988). Além dos mortos, foram vítimas os ex-combatentes que não conseguiram se readaptar à vida civil e os milhares de inválidos, de diferentes nacionalidade, que não receberam a proteção e o respeito de que eram merecedores. 

2. Para o Império do Brasil, o conflito irrompeu quando a economia brasileira se encontrava em crescimento. Assim, a guerra desviou recursos humanos e financeiros das atividades produtivas - ela custou ao Brasil nada menos que 614 mil contos de réis, valor equivalente a onze vezes o orçamento do governo brasileiro para 1864. 

3. No Brasil, o Estado Monárquico mostrou-se no auge do seu poderio durante a guerra, constituindo-se como o principal sustentáculo militar, diplomático e financeiro da Tríplice Aliança. Esse esforço, porém, acelerou as contradições políticas e sociais da sociedade monárquica, como o demonstram o desenvolvimento do republicanismo e a crise do sistema escravocrata. Criou, ainda, um Exército forte, com identidade própria, desvinculada da Monarquia, depondo-a com o golpe republicano de 15 de novembro de 1889. 

4. Na Argentina, o conflito contribuiu para a consolidação do Estado centralizado, enquanto que o Uruguai emergiu dos anos de luta com instituições mais fortes. 

5. O Paraguai, derrotado, perdeu territórios que disputava com Argentina e Brasil. Seu estado autoritário e patrimonial chegou ao fim, o que não significou que as novas instituições, supostamente liberais, contribuíssem para o desenvolvimento do país. Até 1904, os governos paraguaios estiveram sob influência do Brasil; nesse ano, uma revolução liberal o vinculou politicamente à Argentina. 

6. Os personagens principais da guerra foram, de algum modo, vítimas dela: Venancio Flores e Solano López foram assassinados, em 1868 e 1870, respectivamente; o candidato de Mitre, Rufino de Elizalde, foi derrotado nas eleições presidenciais de 1868; no Brasil, Caxias voltou amargurado e D. Pedro II foi deposto por oficiais do Exército. 

7. Os grandes ganhadores com a guerra foram os comerciantes, principalmente os fornecedores argentinos de mantimentos e víveres para as forças aliadas, particularmente ao Exército brasileiro, e os fabricantes europeus de armas.  

Bibliografia consultada: DORATIOTO, Francisco. Guerra do Paraguai. In: MAGNOLI, Demétrio (org.). História das Guerras. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2006, p. 281-285.

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