“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Neoclassicismo

segunda-feira, 30 de julho de 2018

A Morte de Sócrates, 1787, óleo sobre tela de Jacques-Louis David (1748-1825). Localização: Metropolitan Museum of Art, Nova York, EUA.

O movimento predominante na arte e na arquitetura europeia do final do século XVIII e início do XIX, caracterizado pelo desejo de recriar o espírito heroico, bem como os padrões decorativos, da arte da Grécia e de Roma. Um dos traços distintivos do movimento foi um renomado interesse, de caráter mais científico, pela Antiguidade Clássica, bastante estimulado pelas descobertas de Pompeia e Herculano; o neoclassicismo é visto como parte de uma reação ao despreocupado e frívolo estilo rococó

A ordem, a clareza e a racionalidade das artes grega e romana também exerceram forte apelo na era do Iluminismo, e na França o estilo neoclássico acarretou fortes implicações morais, estando associado a uma mudança na visão da sociedade e a um desejo de revestir a vida cívica de antigos valores romanos. De fato, é nas pinturas de Jacques-Louis David (1748-1825), com sua grandeza antiga e simplicidade de forma, e sua severidade tonal, que o neoclassicismo encontra a sua mais pura expressão, muito embora o estilo tivesse nascido e fosse centrado em Roma, com Anton Raphael Mengs (1728-1779) e Johann Joachim Winckelmann (1717-1768). 

Trabalharam em Roma também muitos artistas norte-americanos - notadamente o escultor Horatio Greenough (1805-1852) - que levaram o estilo neoclássico a seu país. Winckelmann, o maior propagandista do movimento, via a arte clássica como a incorporação de uma "nobre simplicidade e calma grandeza", mas houve grandes variações estilísticas no interior do próprio neoclassicismo; Angelica Kauffmann (1741-1807), por exemplo, pintava num estilo delicado e gracioso. 

Além disso, reconhece-se a inexistência de uma linha divisória clara entre o neoclassicismo e o romantismo, embora as duas tendências pareçam de algum modo situar-se em pólos espirituais opostos. Na retomada do interesse pela arte antiga, o termo "classicismo romântico" é às vezes usado para caracterizar um aspecto do neoclassicismo no qual o interesse pela Antiguidade é revestido de contornos românticos. Na verdade, a antipatia entre clássicos e românticos, era desconhecida antes do século XIX, e foi só na metade desse século, quando o estilo antigo já caíra de moda, que surgiu a palavra "neoclassicismo" - inicialmente um termo pejorativo comportando insinuações de falta de vida e impessoalidade. 

Essas conotações negativas apegaram-se firmemente ao termo, e as ardentes aspirações dos fundadores do neoclassicismo foram obscurecidas pelo fato de que apenas os aspectos mais decorativos do movimento tornaram-se associados ao termo na mente popular, em detrimento das grandes obras-primas de David e Antonio Casanova (1757-1822). 

Embora seja aparentado com o estilo grego, o neoclassicismo pode ser diferenciado deste, o qual foi uma moda completamente superficial da decoração de inspiração grega, e do revivalismo grego, o qual na arquitetura foi um movimento representante de um novo interesse pela simplicidade e pela gravidade das antigas construções gregas. O revivalismo grego teve início na década de 1790 e culminou nos anos 1820 e 1830. 

Adaptado de CHILVERS, Ian. Dicionário Oxford de Arte. Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 374.

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