quarta-feira, 8 de agosto de 2018
Retrato de Sir Isaac Newton, 1702, óleo sobre tela de Godfrey Kneller (1646-1723).
Isaac Newton
Woolsthorpe-by-Clsterworth, 1642 - Kensington, 1727.
Isaac Newton nasceu no condado de Lincoln (Inglaterra), no ano em que morreu Galileu, 1642. Quando nasceu, era tão pequeno e fraco que ninguém acreditava que viveria por mais que alguns dias. Contudo, o bebê superou as expectativas e foi criado pela mãe e por um tio, uma vez que o pai morrera meses antes de seu nascimento.
Aos 12 anos, Isaac Newton foi enviado à escola pública de Grantham, onde só permaneceu dois anos e não se saiu bem. Foi rotulado como "vadio" e "desatento", descuidando-se dos estudos prescritos para dedicar-se a matérias que lhe agradavam e dedicando muito tempo a engenhos mecânicos. Após deixar a escola, foi auxiliar a mãe na fazendola, mas também ali não cumpria todas as obrigações, distraindo-se com a leitura de livros e com a resolução de problemas de matemática. Outro tio, notando sua capacidade, enviou-lhe ao Trinity College, de Cambridge (1661). Formou-se quatro anos depois, sendo eleito membro do colégio na sequência. Além da matemática, estudou ótica, astronomia e astrologia; interessou-se por este último estudo até o final da vida.
Em 1669, Newton foi nomeado sucessor do seu professor de matemática no Trinity College. Ele manteve essa cadeira durante 34 anos, e não foi brilhante como professor. Era tão desinteressante que, às vezes, não encontrava nenhum ouvinte. Em seu quarto ele montou um laboratório, o único que havia em Cambridge. Fez muitas experiências, sobretudo em alquimia, e interessava-se no "elixir da vida" e na "pedra filosofal". Seu alvo não era comercial; ele nunca mostrou qualquer desejo de ganhos materiais. Provavelmente, ele procurava alguma lei ou processo pelo qual os elementos pudessem ser interpretados como variações transmutáveis de uma única substância básica.
Newton comia frugalmente e queixava-se do tempo que devia dispensar à refeição e ao sono. Quando recebia visitas, costumava às vezes correr para outro quarto para anotar ideias, esquecendo-se completamente dos visitantes. Durante seus 34 anos em Cambridge, elaborou "regras de filosofar", isto é, sobre métodos e pesquisas científicos. Rejeitou as regras que Descartes havia estabelecido como princípios a priori dos quais todas as grandes verdades teriam que derivar por dedução. Assim, por exemplo, ele não se aventurava a uma teoria sobre a natureza da gravitação, mas apenas descreveria sua conduta e formularia suas leis. Contudo, não pretendia evitar as hipóteses como chaves para experiências e nem repudiou a dedução; apenas insistia em que ela devia partir de fatos e conduzir a princípios. Newton era um composto de matemática e de imaginação, e é preciso possuir ambas as coisas para compreendê-lo.
Sua fama tem dois focos: cálculo e gravitação. Seu Método das Fluxões só foi publicado em 1704, embora tenha sido desenvolvido entre 1665 e 1666. Era sua característica demorar a publicação de suas teorias, talvez porque primeiro pretendia resolver as dificuldades que elas pudessem apresentar. No intervalo entre o desenvolvimento do método e sua publicação, Leibniz criou um sistema rival em Mainz e Paris. Em 1699, um matemático suíço aventou a ideia de ter Leibniz tomado os cálculos de Newton, embora este, em 1687, tenha aparentemente aceitado que a descoberta de Leibniz tenha sido feita independentemente. No entanto, pouco após a morte de Leibniz, em 1716, Newton negou que um escólio admitisse ter o falecido cientista ter inventado o calculus differentialis independentemente do dele.
Antes mesmo de fazer telescópios, Newton chegou (1666) a uma de suas descobertas básicas: a luz branca, ou solar, não é simples nem homogênea, mas um composto de vermelho, laranja, verde, azul, anil e violeta. Ao passar um pequeno raio de luz solar através de um prisma transparente, descobriu que a luz, aparentemente monocromática, se dividia em todas essas cores do arco-íris. A revelação que Newton fez sobre a composição da luz, e de sua refração no espectro, teve então, consequências quase cósmicas na astronomia. Durante três anos, isso provocou uma disputa na Sociedade Real.
Outro ponto de controvérsia com Hooke dizia respeito ao meio pelo qual se transmite a luz. Hooke seguia a teoria de Huyghens, de que a luz se projeta em ondas de um "éter". Newton propôs, ao invés, a "teoria corpuscular": a luz é devida à emissão, por um corpo luminoso, de incontável número de minúsculas partículas que se projetam em linha reta, pelo espaço vazio, com a velocidade de 190 mil milhas por segundo. Rejeitou o éter como veículo da luz, mas aceitou-o, mais tarde, como veículo da força gravitacional.
Por volta de 1666, Newton calculara a força de atração, que mantém os planetas em suas órbitas, como variando inversamente ao quadrado da distância do sol. Mas, sem poder harmonizar a teoria com os cálculos matemáticos, deixou-a de lado pelos próximos dezoito anos. Apenas em fevereiro de 1685, por sugestão de Halley, Newton enviou à Sociedade real um tratado no qual resumia suas teorias sobre o movimento e a gravitação. Após novos debates com Hooke, todo o trabalho foi publicado em 1687, com o selo da Sociedade Real e do então presidente, Samuel Pepys. Intitulado Philophiae Naturalis Principia Mathematica, é o mais importante livro científico do século XVII. Constitui um dos eventos básicos da Europa moderna, ao lado de De Revolutionibus Orbium Coelestium (1543), de Copérnico, e Origem das Espécies (1859), de Darwin.
Newton ainda teve uma carreira política, se bem que nesse campo não tenha exercido um papel memorável. Foi eleito para o Parlamento em 1689, até sua dissolução em 1690. Em 1692, passou a enfrentar uma doença física e mental que o acometeu por dois anos. Alguns supuseram que foi o distúrbio nervoso que então o afligiu que o levou da ciência ao Apocalipse; esse fato nós ignoramos. Em 1699, Newton foi nomeado administrador da Casa da Moeda, cargo que manteve durante seus restantes 28 anos de vida, com grande satisfação. Em 1700, ele descobriu a teoria sobre o sextante, que deixou no desconhecimento, salvo por uma carta a Halley. Em 1701, foi reeleito para o Parlamento. Em 1703, foi eleito presidente da Sociedade Real, e anualmente reeleito até sua morte. Em 1705, recebeu o título de cavalheiro da rainha Ana.
Portanto, a velhice de Newton deve ter sido feliz. Na mecânica, sua obra provou ser infinitamente criadora. O povo de Londres o contemplava com respeito, e ele deixou economias de 32 mil libras quando morreu, embora fosse generoso em suas dádivas e obras de caridade. Apesar disso, ele gostava de ficar só e não fazia amizades facilmente. No fim da vida, passou a sofrer de diversas doenças, como cálculos na bexiga e gota. Em 19 de março de 1727, violentas dores provocadas pelos cálculos fizeram com que perdesse os sentidos. Morreu no dia seguinte, aos 85 anos. Em seus funerais, estiveram presentes estadistas, nobres e filósofos. Voltaire, em seu exílio na Inglaterra, declarou que testemunhou um matemático ser sepultado com honras de um rei.
Antes mesmo de fazer telescópios, Newton chegou (1666) a uma de suas descobertas básicas: a luz branca, ou solar, não é simples nem homogênea, mas um composto de vermelho, laranja, verde, azul, anil e violeta. Ao passar um pequeno raio de luz solar através de um prisma transparente, descobriu que a luz, aparentemente monocromática, se dividia em todas essas cores do arco-íris. A revelação que Newton fez sobre a composição da luz, e de sua refração no espectro, teve então, consequências quase cósmicas na astronomia. Durante três anos, isso provocou uma disputa na Sociedade Real.
Outro ponto de controvérsia com Hooke dizia respeito ao meio pelo qual se transmite a luz. Hooke seguia a teoria de Huyghens, de que a luz se projeta em ondas de um "éter". Newton propôs, ao invés, a "teoria corpuscular": a luz é devida à emissão, por um corpo luminoso, de incontável número de minúsculas partículas que se projetam em linha reta, pelo espaço vazio, com a velocidade de 190 mil milhas por segundo. Rejeitou o éter como veículo da luz, mas aceitou-o, mais tarde, como veículo da força gravitacional.
Por volta de 1666, Newton calculara a força de atração, que mantém os planetas em suas órbitas, como variando inversamente ao quadrado da distância do sol. Mas, sem poder harmonizar a teoria com os cálculos matemáticos, deixou-a de lado pelos próximos dezoito anos. Apenas em fevereiro de 1685, por sugestão de Halley, Newton enviou à Sociedade real um tratado no qual resumia suas teorias sobre o movimento e a gravitação. Após novos debates com Hooke, todo o trabalho foi publicado em 1687, com o selo da Sociedade Real e do então presidente, Samuel Pepys. Intitulado Philophiae Naturalis Principia Mathematica, é o mais importante livro científico do século XVII. Constitui um dos eventos básicos da Europa moderna, ao lado de De Revolutionibus Orbium Coelestium (1543), de Copérnico, e Origem das Espécies (1859), de Darwin.
Newton ainda teve uma carreira política, se bem que nesse campo não tenha exercido um papel memorável. Foi eleito para o Parlamento em 1689, até sua dissolução em 1690. Em 1692, passou a enfrentar uma doença física e mental que o acometeu por dois anos. Alguns supuseram que foi o distúrbio nervoso que então o afligiu que o levou da ciência ao Apocalipse; esse fato nós ignoramos. Em 1699, Newton foi nomeado administrador da Casa da Moeda, cargo que manteve durante seus restantes 28 anos de vida, com grande satisfação. Em 1700, ele descobriu a teoria sobre o sextante, que deixou no desconhecimento, salvo por uma carta a Halley. Em 1701, foi reeleito para o Parlamento. Em 1703, foi eleito presidente da Sociedade Real, e anualmente reeleito até sua morte. Em 1705, recebeu o título de cavalheiro da rainha Ana.
Portanto, a velhice de Newton deve ter sido feliz. Na mecânica, sua obra provou ser infinitamente criadora. O povo de Londres o contemplava com respeito, e ele deixou economias de 32 mil libras quando morreu, embora fosse generoso em suas dádivas e obras de caridade. Apesar disso, ele gostava de ficar só e não fazia amizades facilmente. No fim da vida, passou a sofrer de diversas doenças, como cálculos na bexiga e gota. Em 19 de março de 1727, violentas dores provocadas pelos cálculos fizeram com que perdesse os sentidos. Morreu no dia seguinte, aos 85 anos. Em seus funerais, estiveram presentes estadistas, nobres e filósofos. Voltaire, em seu exílio na Inglaterra, declarou que testemunhou um matemático ser sepultado com honras de um rei.
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Fonte: DURANT, Ariel & DURANT, Will. A Era de Luís XIV. Tradução de Leônidas Gontijo de Carvalho. São paulo: Companhia Editora Nacional, 1967, p. 52-74.
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