“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

A Ascensão da Rússia

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Brasão do Império Russo, adotado em 1882. Note, ao centro, a águia bicéfala.

As fundações da Rússia moderna foram estabelecidas de forma sólida ao longo de um século, ou pouco mais: entre a subida ao trono de Ivan III, em 1462, e a de seu neto, Ivan IV, em 1584. As fronteiras do principado de Moscou foram expandidas a tal ponto que abriu-se o caminho para o desenvolvimento do comércio com a Ásia e a Europa ocidental. Isso foi possível em boa medida pela fixação de uma colônia russa na Sibéria, bem como pelo descobrimento da rota Mar Branco-Duína, em 1553 (essa descoberta, pelos ingleses, estimulou as trocas entre a Rússia e a Inglaterra e os Países Baixos). 

Nessa época, a Rússia estava a ficar mais claramente envolvida com a política europeia. Além disso, existia, pelo menos de forma superficial, uma certa semelhança entre a evolução política que estava a ocorrer nos países da Europa ocidental e aquela que transcorria na Rússia. Ali, o poder autocrático do czar - título assumido de forma oficial pela primeira vez em 1547 por Ivan IV - aumentava consideravelmente à custa dos boiardos, a aristocracia hereditária detentora de terras. Concorreu para esse fortalecimento do poder imperial também o apoio de uma nova nobreza, uma classe militar profissional e um funcionalismo civil ligados ao czar pelos favores que este lhes concedia, e da Igreja Ortodoxa. Esta já começava a explorar a herança bizantina, falando de Ivan como o "segundo Constantino" e de Moscou como a "terceira Roma". Assim, a águia bicéfala, versão bizantina do símbolo das legiões romanas, logo apareceu no selo oficial do estado. Contudo, a Rússia parecia bastante com uma "terra de ninguém", e uma viajante ocidental iria encontrar em sua vasta extensão muita coisa bárbara e distante de sua cultura.     

Bibliografia consultada: GREEN, V. H. H. Renascimento e Reforma - a Europa entre 1450 e 1660. Tradução de Cardigos dos Reis. Lisboa: Dom Quixote, 1991, p. 420-421. 

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