“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Caramuru (1475-1557)

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Camila Pitanga e Selton Mello como Paraguaçú e Diogo Álvares (filme Caramuru - A Invenção do Brasil, de 2001).

Caramuru (Diogo Álvares Correia) 
Viana do Castelo, 1475 - Salvador, 1557 

Fidalgo da Casa Real portuguesa, Diogo Álvares Correia naufragou na Baía de Todos os Santos em 1510. Segundo uma versão, Diogo teria vindo ao Brasil como integrante da frota de Francisco Pereira Coutinho, primeiro donatário da Bahia. Com o naufrágio da armada, após enfrentar uma rebelião indígena, boa parte dos marinheiros pereceu no mar. Os que alcançaram a terra firme acabaram devorados pelos tupinambás. Diogo foi o único sobrevivente de toda essa tragédia. Contudo, segundo outra narrativa, Diogo já vivia entre os nativos quando Coutinho chegou à região. De qualquer forma, é fato que ele se integrou à tribo tupinambá, recebendo a alcunha de Caramuru, pelo fato de ter sido encontrado pelos índios, após o naufrágio, entre pedras e algas, como uma lampreia. Mais tarde também ficou conhecido como filho do trovão

Casou-se com a índia Paraguaçú, filha do chefe da tribo Taparica (a união oficial dos dois se deu numa Igreja Católica da França, em 1527). Juntos tiveram quatro filhos, que mais tarde se casaram com colonos portugueses. Paraguaçú se converteu ao catolicismo e passou a se chamar Catarina Álvares Paraguaçú. Em 1534, foi fundada uma capela, na atual cidade de Salvador, em honra a Nossa Senhora da Graça, no local onde viviam Diogo e Catarina Paraguaçú. 

De fato, Caramuru foi um mediador importante nas negociações entre os tupinambás e os colonos portugueses. Em 1548, recebeu recomendações do rei português João III para que a expedição de Tomé de Sousa foi bem recebida pelos ameríndios. Assim, em 29 de março de 1549, a armada portuguesa, comandada por Diogo Álvares, aportava na Vila Velha (hoje Porto da Barra). Fundava-se, oficialmente, a cidade do São Salvador da Baía de Todos os Santos. Caramuru foi ainda reconhecido pelo rei da Espanha, Carlos V, após ajudar a salvar marinheiros espanhóis vítima de um naufrágio próximo à costa brasileira. 

Ao longo de quatro décadas, Caramuru manteve contatos com os navios europeus que aportavam ao litoral da Bahia em busca do Pau-Brasil. Recebeu importantes sesmarias do governo português e três de seus filhos e um dos seus genros foram armados cavaleiros por Tomé de Sousa, em virtude de seus serviços prestados à Coroa portuguesa. Ao morrer, Caramuru doou metade de seus bens à Ordem dos Jesuítas. Sua vida inspirou o Frei José de Santa Rita Durão a escrever o poema épico Caramuru (1781), obra de grande valor para o estudo da literatura arcadista brasileira, além de trazer informações relevantes sobre os povos indígenas.    

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Fonte: ERMAKOFF, George (org.). Dicionário Biográfico Ilustrado de Personalidades da História do Brasil. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2012, p. 285-286.

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