domingo, 1 de outubro de 2017
"Não obstante a sua proeminência pública, e o papel que desempenhou em todas as 'psicologias da profundidade', o conhecimento do inconsciente não começou com Freud. (...) Os antecessores de Freud são um número considerável de pensadores românticos e, em especial, Schopenhauer, para quem a vida era regida por dois instintos - o da autopreservação e o sexual, este último produzindo o conteúdo da consciência. Depois dele, Eduard von Hartmann defendeu a tese de que grande parte da cultura tinha origem na motivação inconsciente e coligiu um amplo conjunto de provas para o sustentar. Outros autores sugeriram a análise dos sonhos ou o desejo da morte. William James estava bem consciente do papel desempenhado nas operações da mente por algo a que na época se chamava o subliminal, e encontrava-se preparado para aceitar a mensagem de Freud quando a ouviu pela primeira vez na Universidade de Clark, em Massachusetts, onde Stanley Hall reuniu os dois homens em 1909."Barzun frisa que James estava convencido de que Freud atribuía ao instinto sexual uma influência exagerada sobre as motivações humanas; outros homens da medicina levantaram objeções semelhantes. O público, que ouvia rumores provenientes principalmente de Viena, mostrava-se igualmente incrédulo - e mesmo chocado - não obstante os debates públicos sobre as questões sexuais que então se desenrolavam.
Em Paris, os mentores do "pai da psicanálise" concluíram que determinados distúrbios mentais resultavam de desajustamentos sexuais. "Freud estabeleceu a acção do inconsciente sobre a mente em geral, baseando a sua convicção em estudos de pacientes mal ajustados ao mundo social. O génio de Freud foi ter identificado no discurso desinibido desses pacientes determinados elementos que a sua poderosa imaginação integrou num sistema." Contudo, o sistema de Freud servia, sobretudo, como terapia.
BARZUN, Jacques. Da Alvorada à Decadência - 500 anos de vida cultural no Ocidente (de 1500 à actualidade). Tradução de António Pires Cabral e Rui Pires Cabral. Lisboa: Gradiva, 2003, p. 637-638.
1 comentários:
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