“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

As Origens da Guerra Fria

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

"O fim da Primeira Guerra pelo menos alimentava a esperança de uma paz duradoura, durante uma década. Mal terminara a Segunda, eis que já se levanta a ameaça da Terceira: Não uma ameaça vaga ou distante, mas sim, pelo contrário, um confronto quase inevitável, já que é proclamado e sentido como tal, com grande estrépito, dos dois lados." 

FURET, François. O Passado de uma Ilusão. Tradução de Roberto Leal Ferreira. São Paulo: Siciliano, 1995, p. 467.

Na Conferência de Potsdam, celebrada entre os líderes da União Soviética, Reino Unido e Estados Unidos, entre 17 de julho e 22 de agosto de 1945, já se estabeleceu uma animosidade mais aflorada entre o "mundo livre" e o bloco socialista. A Áustria, a Alemanha e a cidade de Berlim foram divididas em quatro setores, sendo que, mais tarde, na Alemanha e em Berlim restaram apenas dois: o lado ocidental, capitalista, e o lado oriental, socialista. 

Meses após o término da Segunda Guerra, no dia 5 de março de 1946, Winston Churchill fez um famoso discurso em Fulton, Missouri, EUA. Na ocasião, denunciou a "cortina de ferro" que descera sobre a Europa. Ele estava se referindo à expansão do comunismo pelo Leste Europeu, no esteio da libertação dos países dessa região pelo Exército Vermelho, nos anos finais do maior conflito que a humanidade uma vez presenciara. 

Outro importante discurso para a gênese da Guerra Fria foi feito ao Congresso americano, no dia 12 de março de 1947, por Harry Truman. Na ocasião, o presidente estadunidense buscava obter o financiamento dos empréstimos militares à Grécia e à Turquia. Indo além dessas questões práticas, ele definiu uma doutrina de ajuda aos governos e aos povos que lutavam para manter "suas livres instituições" contra o comunismo. A "Doutrina Truman", como ficou conhecida, possuía uma face externa, voltada sobretudo para a Europa; possuía também uma face interna, que dizia respeito aos Estados Unidos.   

A União Soviética não ficaria sem agir. Em setembro de 1947, quatro anos após a dissolução da Komintern, foi fundada a Kominform, a organização internacional liderada pelo Partido Comunista da União Soviética (PCUS) para promover o intercâmbio de informações e coordenar as ações dos vários partidos comunistas da Europa. Nesse momento, ocorreu a definição de dois campos, o do imperialismo e o do socialismo. 

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