“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

#15Fatos O Império Bizantino

sábado, 25 de novembro de 2017

Reconstituição parcial de Constantinopla. Clique na imagem.

1. A "Nova Roma" (mais tarde, Constantinopla), a nova capital do império, foi fundada por Constantino a 11 de maio de 330. A escolha era excelente, tanto do ponto de vista militar, quanto econômico e administrativo.

2. A transferência do poder imperial para Constantinopla concluiu uma transformação na concepção do poder do soberano, que passou a fundamentar a sua autoridade no poder divino. No Império Bizantino, desenvolveu-se o "cesaropapismo".

3. Ao contrário de Roma, Constantinopla jamais caiu nas mãos dos invasores bárbaros. É verdade que também sofreu o choque das invasões - as dos hunos e dos eslavos (séculos VI e VII), bem como as dos árabes e as dos búlgaros (século VII). A capital bizantina só foi conquistada em 1204, pelos latinos da quarta cruzada, e em 1453, quando foi definitivamente tomada pelos turcos otomanos.

4. A população do império bizantino era composta por uma maioria de gregos, ou de populações completamente helenizadas, mas também eslavos, armênios, capadócios, semitas e egípcios. Por razões religiosas, e muitas vezes políticas, os imperadores bizantinos transportavam de uma região para outra importantes grupos populacionais.

5. O grego era a língua da Igreja, do comércio e da literatura; era verdadeiramente uma língua "nacional", que quase todos falavam ou que pelo menos todos compreendiam.

6. Justiniano (527-565) foi o último dos grandes imperadores romanos. Mediante a Reconquista, Justiniano teve a grandiosa ambição de reconstituir em sua integridade o Império Romano desaparecido, e chegou perto desse objetivo. Em outra frente, foi um legislador impecável, que deu prosseguimento à obra legislativa dos grandes jurisconsultos romanos. Além da Reconquista, a Revolta de Nika (532) e a Peste de Justiniano (542) estiveram entre os seus principais desafios. Um dos seus maiores legados foi a obra jurídica Corpus Iuris Civilis, publicada entre 529 e 534.

7. Durante vinte anos de anarquia (695-717), o avanço da superstição, o embrutecimento dos costumes, as revoltas militares e as usurpações colocaram em perigo a própria existência do império.

8. Os imperadores isáuricos (717-867) foram os "gloriosos artesãos da reorganização do império" (Diehl). Contudo, foi nessa época em que também ocorreu a ruptura com o papado (definitiva no Grande Cisma do Oriente, em 1054); a perda da Itália e o restabelecimento do império do Ocidente por Carlos Magno e, finalmente, a querela das imagens (726-842). 

9. Miguel VIII Paleólogo (1261-1282) foi o último grande imperador bizantino. Chegou a marcar presença no Peloponeso latino, frustou as tentativas de Carlos de Anjou para conquistar a costa oriental do Adriático e ordenou minimamente as finanças, a marinha e o exército.

10. No Império Bizantino, assim como no romano, não existiam leis de sucessão, que determinassem a transmissão regular do trono. Isso somado à ausência de família imperial ou sangue real nos primórdios do império, permitia que até os mais humildes nutrissem aspirações ao trono. Todo mundo tinha qualidades para ser imperador (Justiniano era um camponês da Macedônia e Leão I, segundo a tradição popular, começara como um açougueiro).  

11. A Igreja Ortodoxa aceitava a constante intervenção do soberano em seus assuntos administrativos e teológicos como coisa perfeitamente legítima. Contudo, o patriarca de Constantinopla possuía grande importância, com a qual era preciso contar.

12. A guerra bizantina adquiriu um caráter religioso. Os soldados não combatiam apenas pelo imperador e pela defesa do território, mas "pelo conjunto da comunidade cristã". Se alcançavam a vitória, eles o faziam "pela graça de Cristo". 

13.  O "feudalismo" oriental nunca se assemelhou completamente ao do Ocidente, e jamais conheceu aquela hierarquia restrita, que fez da sociedade feudal do Ocidente uma vasta rede de suseranos e vassalos. Até o fim da história bizantina, o poderio dos aristocratas foi causa perpétua de lutas sociais e de perturbações.

14. O Império Bizantino nunca foi um Estado essencialmente agrícola. A vida urbana também floresceu e progrediu. Alexandria, no Egito; as cidades da Ásia Menor (sobretudo Antioquia e Éfeso); Patras, Tebas, Corinto e Tessalônica (na Grécia) e Constantinopla eram grandes cidades.

15. A arte bizantina foi essencialmente religiosa e, com efeito, a Igreja exerceu sobre ela grande influência (cf. a iconografia sagrada). Contudo, ao lado dessa arte religiosa, há a profana que se dedicou a representar os retratos dos soberanos, as grandes cenas da história, os episódios famosos da mitologia. Além disso, a decoração dos palácios imperiais, entre os séculos X e XII, teve lugar de destaque.  

Bibliografia consultada: DIEHL, Charles. Grandes Problemas da História Bizantina. Tradução de Frederico O. Pessoa de Barros. São Paulo: Editora das Américas, 1961.

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