“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

A Civilização Helenística

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Farol de Alexandria, uma das sete maravilhas do Mundo Antigo. Um desenho do arqueólogo alemão H. Thiersch (1909). Créditos: Ancient.eu

Assim ficou conhecido o mundo nascido das conquistas de Alexandre, o Grande. Após a morte deste, em 323 a.C., nenhum herdeiro foi capaz de manter a unidade de seu império. Consequentemente, durante cerca de meio século foram travadas sucessivas guerras e lutas entre seus quatro generais (Ptolomeu, Selêuco, Lisímaco e Cassandro). 

Após tais disputas, houve um certo equilíbrio no fim dos anos 80 do século III. A Macedônia dos antigônidas, a Ásia dos selêucidas e o Egito, domínio dos lágidas (ou ptolomeus), foram os três Estados que dividiram os despojos do conquistador. Entre esses três reinos, as velhas cidades gregas foram objeto de rivalidades, e apenas Rodes e as confederações de Acaia e Etólia conservaram durante certo tempo alguma liberdade de manobra. A partir do fim do século II a.C., porém, Roma passou a arbitrar as querelas entre elas e a impor o seu domínio. 

A civilização helenística foi caracterizada pelo surgimento de uma nova forma de monarquia, um poder que 1º) se estendia por vastos estados territoriais; 2º) era resultante de uma conquista e, finalmente, 3º) baseava-se - ao menos teoricamente - nas qualidades pessoais de quem o exercia. Existiam, contudo, diferenças entre as três grandes monarquias. Os antigônidas precisavam levar em consideração a antiga "lei macedônica" e os poderes da assembleia do exército. Os selêucidas logo perderam partes de seu Estado heterogêneo; assim, surgiram reinos como o dos atálidas de Pérgamo. Os lágidas, por outro lado, herdeiros das estruturas do Egito dos faraós, conseguiram, por um século, manter uma autoridade absoluta sobre o país. Graças a essa autoridade e riqueza, Ptolomeu fundou em Alexandria a famosa Biblioteca e o Museu (um centro de pesquisas), tornando essa cidade o centro mais esplendoroso do mundo helenístico. 

Ao longo do século IV a.C., o idioma grego foi substituído pelos dialetos locais por quase toda a parte, mas tornou-se a língua oficial das chancelarias reais. No plano religioso e artístico, a dominação greco-macedônica não pôde suprimir tradições que existiam no Egito, na Síria, na Palestina e na Ásia Menor. Certas elites, especialmente as religiosas, podiam aspirar a conservar uma autoridade, seja integrando-se à civilização dos conquistadores ou instigando contra eles movimentos de resistência à helenização (caso da Revolta dos Macabeus, na Judeia, durante o reinado de Antíoco IV). 

Houve considerável desenvolvimento da vida econômica, artística e cultural no período helenístico. No plano econômico, as trocas se intensificaram e a videira e a oliveira foram introduzidas em certas regiões orientais. No plano artístico, destacam-se os grandes conjuntos arquitetônicos (como o de Pérgamo). Na ciência, os progresso mais consideráveis ocorreram em Alexandria, e Euclides, Arquimedes e Aristarco de Samos se destacaram, respectivamente, na matemática, na física e na astronomia.  

Bibliografia consultada:
MOSSÉ, Claude. Dicionário da Civilização Grega. Tradução de Carlos Ramalhete, com a colaboração de André Telles. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 2004, p.159-160.

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