sábado, 20 de maio de 2017
Jan Huss na estaca. Xilogravura colorida de um livro de oração hussita (1563). The Granger Collection, Nova York.
A lembrança do martírio desse pré-reformador perturbava Lutero, enquanto seguia para a Dieta de Worms.
"Lutero não viajou para Worms como homem respeitoso dos poderes constituídos que, ao receber uma convocação, obedecia sem pensar ou hesitar. Lutero viajou para Worms como quem pisa sobre brasas. Jogando-se de cabeça, sacrificando intimamente sua vida, nutrindo-se, além disso, dessa fé invencível na salvação final que todo homem em perigo vai buscar nas raízes profundas de sua vitalidade e que, em Lutero, era uma fé cega, inquebrantável, em Deus. Lutero viajou para Worms como quem vai para o martírio ou para o triunfo: dois aspectos, afinal, de uma mesma realidade. Triunfo, porém, só se pode entender por Deus e diante de Deus. (...) A lembrança de Jan Huss e sua morte em Constança naturalmente assombrava a mente de Lutero, de todos os seus amigos e, sem dúvida, de todos os seus inimigos... Mas o que fazer? Seu Deus o impelia, seu Deus o arrastava. Deixou de hesitar. Viajou para dar testemunho de sua fé, para afirmar seu Deus."
FEBVRE, Lucien. Martinho Lutero, Um Destino. Tradução de Dorothée de Bruchard. São Paulo: Três Estrelas, 2012, p. 197-198.
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