domingo, 28 de maio de 2017
Em algum momento no início do dia 11 de janeiro de 49 a.C., César alcançou as coortes em marcha e chegou ao Rubicão. Antes de cruzar a ponte, César teria parado, ficando algum tempo em silêncio antes de começar a falar aos seus oficiais. Ao decidir cruzar o rio, teria declarado: "A sorte está lançada" (iacta alea est).
"A frase de apostador é apropriada, porque ele embarcava em uma guerra civil quando pouco mais de um décimo de suas forças estava com ele. Mesmo quando todas as suas tropas concentraram-se, ele ainda seria superado em recursos por seus inimigos. Embora, retrospectivamente, saibamos que César venceu, isto não era de modo algum -, talvez nem mesmo provável - na época. Ele escolheu lutar porque, no que lhe dizia respeito, todas as opções eram piores. A República fora dominada por uma facção que ignorava a prática comum das leis e, particularmente, recusava-se a admitir os poderes e direitos tradicionais do tribunato. César foi, no entanto, muito claro em que, primeiro e antes de tudo, era porque esse grupo de homens o atacara que ele agora se movimentava contra eles. O mundo romano estava sendo mergulhado no caos e no sangue porque um homem estava determinado a proteger sua dignitas enquanto outros estavam decididos a destruí-la. (...) A guerra civil, que começou em janeiro de 49 a.C., poderia não ter acontecido não fosse o ódio amargo, quase obsessivo, a César, de homens como Catão, Domício Aenobardo e outros, que os tornava irredutíveis em seu propósito de impedir sua volta à vida pública como cônsul. Mas até isso pouco teria importado se Pompeu não tivesse visto a oportunidade de demonstrar sua supremacia e mostrar a esses homens, bem como a César, que precisavam satisfazê-lo. Finalmente, a luta não teria começado se César não tivesse estipulado um preço tão alto para o seu prestígio e status."
"A frase de apostador é apropriada, porque ele embarcava em uma guerra civil quando pouco mais de um décimo de suas forças estava com ele. Mesmo quando todas as suas tropas concentraram-se, ele ainda seria superado em recursos por seus inimigos. Embora, retrospectivamente, saibamos que César venceu, isto não era de modo algum -, talvez nem mesmo provável - na época. Ele escolheu lutar porque, no que lhe dizia respeito, todas as opções eram piores. A República fora dominada por uma facção que ignorava a prática comum das leis e, particularmente, recusava-se a admitir os poderes e direitos tradicionais do tribunato. César foi, no entanto, muito claro em que, primeiro e antes de tudo, era porque esse grupo de homens o atacara que ele agora se movimentava contra eles. O mundo romano estava sendo mergulhado no caos e no sangue porque um homem estava determinado a proteger sua dignitas enquanto outros estavam decididos a destruí-la. (...) A guerra civil, que começou em janeiro de 49 a.C., poderia não ter acontecido não fosse o ódio amargo, quase obsessivo, a César, de homens como Catão, Domício Aenobardo e outros, que os tornava irredutíveis em seu propósito de impedir sua volta à vida pública como cônsul. Mas até isso pouco teria importado se Pompeu não tivesse visto a oportunidade de demonstrar sua supremacia e mostrar a esses homens, bem como a César, que precisavam satisfazê-lo. Finalmente, a luta não teria começado se César não tivesse estipulado um preço tão alto para o seu prestígio e status."
GOLDSWORTHY, Adrian. César - A Vida de um Soberano. Tradução de Ana Maria Mandim. Rio de Janeiro / São Paulo: Record, 2011, p. 494-495.
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