domingo, 7 de maio de 2017
Romanos x celtas. Ilustração de Jean-Paul Colbus.
César era um general talentoso que obteve grandes vitórias nos campos de batalha, mas percebeu que isso não era o bastante sem uma diplomacia eficaz e um governo competente. Para os senadores, a conexão estreita entre guerra e política na República ajudava a prepará-los para esse aspecto de seu papel como governadores das províncias.
Em que pesem todos os massacres e escravizações em massa que acompanharam o imperialismo romano, a província da Gália criada por César seria habitada pelas tribos que lá estavam quando ele chegou. Líderes escolhidos entre a aristocracia existente as governariam na maioria dos negócios corriqueiros.
Desde o início, isso foi compreendido por César, que inseriu solidamente suas campanhas dentro de um contexto político. Assim, ele encontrava-se anualmente com os líderes tribais (habitualmente duas ou mais vezes) e estava muito atento ao equilíbrio de poder dentro de cada tribo e se esforçava para ter alguma ideia do caráter e das inclinações dos líderes, individualmente. Certos homens era favorecidos, e sua posição dentro das tribos, reforçada, com o intuito de fornecer líderes que estivessem em dívida com César. Granjear o favor de César abria aos líderes um horizonte de vantagens, e, no que lhes dizia respeito, eles usavam o general romano tanto quanto este os usava. Para o domínio romano, tal apoio era imprescindível, uma vez que o procônsul possuía influência considerável, mas não conseguia controlar a política interna das tribos da Gália.
O entendimento e a manipulação das políticas tribais por César eram geralmente bons, mas falharam gravemente durante o inverno de 53-52 a.C. Todas as tribos gaulesas voltaram-se contra ele, uma vez que acreditaram que César e suas legiões estavam na Gália para ficar e Roma esperava então que seu poder fosse reconhecido em bases permanentes em toda a região.
Bibliografia consultada: GOLDSWORTHY, Adrian. César - A Vida de um Soberano. Tradução de Ana Maria Mandim. Rio de Janeiro / São Paulo: Record, 2011, p. 413-415.
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