domingo, 14 de maio de 2017
Um bobo da corte se apresentando.
Créditos: Bibliothèque nationale de France, Département des manuscrits, Latin 771, fol. 81r.
Créditos: Bibliothèque nationale de France, Département des manuscrits, Latin 771, fol. 81r.
Declamação: a Loucura fala
"Acaso não vedes esses homens tétricos que, entregues quer a seus estudos de filosofia, quer a sérias e árduas ocupações, na maioria das vezes já estão envelhecidos, por mais jovens que sejam? É evidente que pelas preocupações, e por uma agitação contínua e atroz de seus pensamentos, exaurem pouco a pouco seu espírito e sua seiva vital. Em contrapartida, os meus loucos estão gordinhos, reluzentes e com a pele bem tratada, como os porcos de Arcânia, como se costuma dizer; são pessoas destinadas a não experimentar nenhum dos incômodos da velhice, a não ser que, como acontece às vezes, se infeccionem com o contágio dos sábios. A esse ponto a vida humana não comporta o ser feliz em todos os aspectos!
Acrescente a isso o não pequeno testemunho desse provérbio popular, em que se diz que a LOUCURA é a única coisa que prolonga a juventude, que, de outro modo, é o que há de mais fugaz, e que mantém afastada a ingrata velhice."
ERASMO DE ROTTERDAM. Elogio da Loucura. Tradução de Elaine C. Sartorelli. São Paulo: Hedra, 2013, XIV, p. 54.
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