“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

A Seita dos Fariseus (Final)

sábado, 13 de maio de 2017

Em seu perfil no Twitter, @ofariseu se apresenta como "apenas um humilde fariseu tentando viver sua hipocrisia com sinceridade!" 

No Novo Testamento (NT), o lugar dos fariseus na vida e no pensamento judaicos pode ser melhor compreendido quando contrastado com os saduceus e os essênios, outros dos maiores maiores partidos judaicos. Enquanto os saduceus eram liberais e, encontrando-se "no mundo", estavam dispostos a fazer parte dele, os fariseus eram os "fundamentalistas", e enfatizavam a separação do mundo e de suas contaminações. Os essênios iam ainda além, e levavam uma vida asceta. 

Enquanto os fariseus aguardavam com grande expectativa a vida futura, os saduceus estavam satisfeitos com a vida terrena, uma vez que não esperavam por outra. Assim, os interesses religiosos eram os mais prementes para os primeiros, enquanto os últimos concentravam-se nos interesses seculares. Desta forma, os fariseus (integrantes principalmente da classe média) resistiam passivamente à dominação romana, enquanto os saduceus (pertencentes à aristocracia rica) eram pragmáticos e desejavam cooperar com os romanos e com os herodianos (estes, por sua vez, formavam o terceiro grupo do Sinédrio). A arraia-miúda não pertencia a nenhum dos grupos, mas favorecia os fariseus. 

A letra e o espírito do legalismo que, nos tempos do NT, passou a ser identificada com a religião judaica, refletia precisamente os ensinos dos fariseus. Em seu zelo pelo cumprimento dos preceitos da Torah e da tradição, os fariseus amiúde negligenciavam o fato de que a disposição do coração é mais importante do que o ato exterior. Muitos dos "escribas" ou "mestres da Lei" (Lc 5:17) eram fariseus. 

Os fariseus acreditavam que a providência divina ordenava as questões humanas e salientavam a dependência das pessoas em Deus. Este era concebido como um Pai rígido, pronto a castigar os pecadores. Criam também na existência de espíritos, na imortalidade da alma, bem como na ressurreição literal do corpo e em uma vida futura na qual as pessoas seriam recompensadas ou punidas segundo seus atos nesta vida (durante a qual são dotadas de livre arbítrio). Os saduceus, por sua vez, concebiam um Deus sem muito interesse pela vida humana; caberia ao indivíduo ser o árbitro do próprio destino. 

Para João Batista, tanto os fariseus quanto os saduceus seriam uma "raça de víboras" (Mt 3:7). Jesus, cujos ensinos em muitos aspectos se assemelham mais aos dos fariseus do que aos dos saduceus, rotulou os fariseus de hipócritas (ver Mt 23). Quando Jesus enfatizou que o motivo que leva ao ato é mais importante aos olhos de Deus do que o ato em si, os fariseus tramaram desacreditá-Lo diante do povo e silenciar Sua mensagem. Foram os fariseus que fomentaram a disputa a disputa entre os discípulos de Jesus e os de João (Mt 9:11, 14; cf. Jo 4:1). Além de tentarem criar-Lhe vários outros embaraços, lideraram os acontecimentos que resultaram em Sua prisão, condenação e crucifixão (Mt 27:62; Mc 3:6; Jo 11:47-57; 18:3). Nicodemos era fariseu (Jo 3:1), assim como Paulo e seu mestre Gamaliel (ver At 5:34; 23:6; 26:5-7).  

Bibliografia consultada: Dicionário Bíblico Adventista do Sétimo Dia. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2016, p. 494-496. 

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