“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Contexto Histórico do Êxodo (Final)

sábado, 6 de maio de 2017


Da fuga de Moisés ao início da jornada rumo a Canaã 

Ao fugir do Egito, Moisés passou a viver como pastor, em Midiã (Êx 2:15-22). Quarenta anos depois, com a morte o rei que oprimiu os israelitas (Êx 2:23), Yahweh chamou Moisés para liderar Seu povo rumo ao êxodo. Naquela época, Amenhotep II, filho e sucessor de Tutmés III, governava o Egito. 

É possível que Moisés tenha sido enviado ao cruel Amenhotep II, e diante dele tenha pronunciado as dez pragas. Foi o primogênito desse faraó que morreu, na décima praga. Segundo a cronologia aceita para esse período (que tem uma margem de erro de talvez dez anos), Amenhotep II teria reinado de c. 1450 a.C. a c. 1427 a.C. Como a data sugerida para o Êxodo é 1445 a.C., e segundo as Escrituras esse rei teria morrido ao tentar atravessar o Mar Vermelho, existe aí um problema cronológico ainda sem solução. A preservação de sua múmia não exclui a possibilidade de ele ter se afogado no Mar Vermelho; apenas prova, caso ele tenha se afogado, que seu corpo foi recuperado com sucesso e, em seguida, mumificado. 

O filho e sucessor de Amenhotep II foi Tutmés IV (c. 1427 - c. 1419 a.C.), que deixou para a posteridade um monumento que menciona sua inesperada ascensão ao poder, uma evidência de que originalmente não era o escolhido para o posto máximo do Egito. Isso seria verdade caso seu irmão mais velho tivesse morrido na décima praga. 

Após a morte dos primogênitos egípcios, os israelitas partiram de Ramessés (Êx 12:37), a nordeste do Delta, rumo a Sucote, cidade que fica na parte oriental do Wâdi Tumilât (a "terra de Gósen", o lar dos hebreus por mais de 200 anos). Embora o local exato em que fizeram a travessia do Mar Vermelho seja desconhecido, é provável que seja a parte norte do golfo de Suez, ao sul da cidade de Suez, e ao norte das montanhas do deserto egípcio que chegam ao litoral um pouco mais abaixo. Assim, a passagem ali seria impossível, o que justifica o temor dos israelitas quanto à aproximação dos exércitos de faraó. 

Após atravessarem o Mar Vermelho, o povo hebreu chegou a Etã, região ainda não identificada, "à entrada do deserto" (v. 20), o primeiro local de acampamento depois de deixarem Sucote (ver o mapa). A rota mais curta e natural para Canaã teria sido a estrada desértica costeira em direção a Gaza, passando por Rafia, o "caminho da terra dos filisteus" (Êx 13:17). Todavia, os hebreus não estavam prontos para abrir caminho por essa área fortemente fortificada, e sua jornada pelo deserto só terminou 40 anos mais tarde. 

Bibliografia consultada: Dicionário Bíblico Adventista do Sétimo Dia. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2016, p. 479-480. 

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