terça-feira, 25 de dezembro de 2018
Busto de Heródoto, cópia romana do séc. II. Estoa de Átalo, Atenas.
Embora seja creditada a Heródoto a primeira narrativa histórica, ele foi acusado de falsificação deliberada, inconsistência, equívocos sobre fatos e julgamentos, credulidade indevida e fácil aceitação de fontes de informações não confiáveis. Só há pouco os estudiosos começaram a avaliar totalmente a extraordinária combinação de cronologia, etnologia, geografia e poesia em uma obra bastante agradável e uma importante fonte de informações sobre o Mundo Antigo.
Heródoto nasceu provavelmente por volta de 484 a.C. em Halicarnasso, hoje Bodrun, no litoral egeu da Turquia. Sua única obra, Histórias, sugere que ele viajou muito - dentre suas visitas incluem-se Egito, Cirene, Babilônia, Itália, Ucrânia, Mar Negro e costa norte do Egeu. Sua obra deve ter sido publicada entre 430 e 424 a.C., durante a Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.). A data de sua morte é incerta.
Histórias é dividida em duas partes. A segunda descreve os conflitos entre os persas e os gregos, da revolta jônica de 449 a.C. à derrota da invasão de Xerxes em 479 a.C. A isso precede um relato sobre esses conflitos e o crescimento do Império Persa e dos estados gregos de Atenas e Esparta.
No prefácio das Histórias, Heródoto inicia a "demonstração de sua investigação" a fim de preservar os fatos e as causas essenciais dos eventos recentes, uma demonstração sem paralelos no Mundo Antigo. Ninguém antes dele, como Dionísio de Halicarnasso evidenciou, reuniu tantos eventos variados da Ásia e da Europa, acompanhados da descrição de seus povos e países, numa só obra.
A história, propõe Heródoto, mostra padrões de desenvolvimento e declínio. As fases de desenvolvimento e declínio, na visão do historiador, podem ser explicadas de duas maneiras. Primeira, a felicidade contínua gera arrogância. Pessoas arrogantes, diz ele, são propensas a ignorar conselhos. Uma vez que elas ultrapassam seus limites mortais, uma punição lhes inflige na forma de Justiça (Díke) ou Castigo (Nemesis). A segunda, a ascensão e a queda dos estados podem ser explicadas em termos de culturas "inflexíveis" e "flexíveis". As culturas "inflexíveis" são subdesenvolvidas, não têm governo central e são impetuosamente independentes. As culturas flexíveis são opulentas, na maioria das vezes governadas por monarquias absolutas e são suscetíveis à conquista por estranhos. As culturas inflexíveis, propõe Heródoto, tendem a conquistar as culturas flexíveis. Quando o fazem, propendem a tornar-se flexíveis e, portanto, a ser invadidas. A Pérsia revela esse ciclo.
Embora Heródoto não tenha mencionado nenhum escritor em prosa, exceto Hecateo de Mileto, frequentemente cita poetas como Homero e Hesíodo. Apesar de ele censurar os poetas por preferirem a conveniência à precisão, é possível perceber a influência da poesia tanto na estrutura da obra quanto na escolha de determinadas frases. Grande parte de Histórias é construída com base em testemunhos verbais que Heródoto reuniu em suas viagens. Quando ele cita grupos étnicos como fonte, subentende-se que ele está informando sobre suas tradições oficiais.
Quando se examina os relatos de Heródoto sobre formigas gigantes, por exemplo, não é difícil perceber por que tantas pessoas consideram-no um escritor crédulo com queda para o fanático (3.102-113). Em inúmeros lugares, entretanto, Heródoto nos revela que não reconhecia tudo o que lhe era dito, e chega mesmo a repudiar francamente alguns relatos (por exemplo, 2.123; 4.195.2; 6.105.3; 7.37.3; 152.3). Além disso, ele oferece visões alternativas em mais de 125 ocasiões. Pesquisas arqueológicas e históricas subsequentes demonstraram que ele é razoavelmente preciso.
Além disso, Heródoto refere-se a 24 inscrições, metade das quais são gregas. Algumas ele copiou, mas pelo menos uma, extraída da Grande Pirâmide de Gizé, ele parafraseou de memória (2.156.6). O uso desses tipos de prova por parte de Heródoto, paralelamente a uma grande quantidade de provas materiais (como a descrição de prédios, pontes, esculturas), tornou sua obra uma fonte inestimável de informações sobre o Mundo Antigo.
Heródoto nasceu provavelmente por volta de 484 a.C. em Halicarnasso, hoje Bodrun, no litoral egeu da Turquia. Sua única obra, Histórias, sugere que ele viajou muito - dentre suas visitas incluem-se Egito, Cirene, Babilônia, Itália, Ucrânia, Mar Negro e costa norte do Egeu. Sua obra deve ter sido publicada entre 430 e 424 a.C., durante a Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.). A data de sua morte é incerta.
Histórias é dividida em duas partes. A segunda descreve os conflitos entre os persas e os gregos, da revolta jônica de 449 a.C. à derrota da invasão de Xerxes em 479 a.C. A isso precede um relato sobre esses conflitos e o crescimento do Império Persa e dos estados gregos de Atenas e Esparta.
No prefácio das Histórias, Heródoto inicia a "demonstração de sua investigação" a fim de preservar os fatos e as causas essenciais dos eventos recentes, uma demonstração sem paralelos no Mundo Antigo. Ninguém antes dele, como Dionísio de Halicarnasso evidenciou, reuniu tantos eventos variados da Ásia e da Europa, acompanhados da descrição de seus povos e países, numa só obra.
A história, propõe Heródoto, mostra padrões de desenvolvimento e declínio. As fases de desenvolvimento e declínio, na visão do historiador, podem ser explicadas de duas maneiras. Primeira, a felicidade contínua gera arrogância. Pessoas arrogantes, diz ele, são propensas a ignorar conselhos. Uma vez que elas ultrapassam seus limites mortais, uma punição lhes inflige na forma de Justiça (Díke) ou Castigo (Nemesis). A segunda, a ascensão e a queda dos estados podem ser explicadas em termos de culturas "inflexíveis" e "flexíveis". As culturas "inflexíveis" são subdesenvolvidas, não têm governo central e são impetuosamente independentes. As culturas flexíveis são opulentas, na maioria das vezes governadas por monarquias absolutas e são suscetíveis à conquista por estranhos. As culturas inflexíveis, propõe Heródoto, tendem a conquistar as culturas flexíveis. Quando o fazem, propendem a tornar-se flexíveis e, portanto, a ser invadidas. A Pérsia revela esse ciclo.
Embora Heródoto não tenha mencionado nenhum escritor em prosa, exceto Hecateo de Mileto, frequentemente cita poetas como Homero e Hesíodo. Apesar de ele censurar os poetas por preferirem a conveniência à precisão, é possível perceber a influência da poesia tanto na estrutura da obra quanto na escolha de determinadas frases. Grande parte de Histórias é construída com base em testemunhos verbais que Heródoto reuniu em suas viagens. Quando ele cita grupos étnicos como fonte, subentende-se que ele está informando sobre suas tradições oficiais.
Quando se examina os relatos de Heródoto sobre formigas gigantes, por exemplo, não é difícil perceber por que tantas pessoas consideram-no um escritor crédulo com queda para o fanático (3.102-113). Em inúmeros lugares, entretanto, Heródoto nos revela que não reconhecia tudo o que lhe era dito, e chega mesmo a repudiar francamente alguns relatos (por exemplo, 2.123; 4.195.2; 6.105.3; 7.37.3; 152.3). Além disso, ele oferece visões alternativas em mais de 125 ocasiões. Pesquisas arqueológicas e históricas subsequentes demonstraram que ele é razoavelmente preciso.
Além disso, Heródoto refere-se a 24 inscrições, metade das quais são gregas. Algumas ele copiou, mas pelo menos uma, extraída da Grande Pirâmide de Gizé, ele parafraseou de memória (2.156.6). O uso desses tipos de prova por parte de Heródoto, paralelamente a uma grande quantidade de provas materiais (como a descrição de prédios, pontes, esculturas), tornou sua obra uma fonte inestimável de informações sobre o Mundo Antigo.
Adaptado de HUGHES-WARRINGTON, Marnie. 50 Grandes Pensadores da História. Tradução de Beth Honorato. São Paulo: Contexto, 2002, p. 183-191.
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